Através do Twitter, a OMS acaba de anunciar a recomendação por que muitos esperam há anos: a primeira vacina contra a malária, uma doença parasitária transmitida pela picada do mosquito Anopheles.
A vacina aprovada esta quarta-feira é a vacina RTS,S / AS01 da farmacêutica GlaxoSmithKline, cujo nome comercial é Mosquirix.
"Hoje é um dia histórico (...). Esta vacina tem o potencial de salvar dezenas de milhares de jovens vidas. Fizemos progressos incríveis nas últimas duas décadas, os casos de malária caíram para metade, mas, globalmente, os casos permanecem demasiado elevados, com 200 milhões de casos anuais e mais de 400.000 mortes", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu, citado pela agência noticiosa Efe.
Gana, Maláui e Quénia foram os primeiros três países a introduzirem a vacina, em 2019, tendo sido administradas 2,3 milhões de vacinas e 800 mil crianças recebido pelo menos uma dose.
"É o melhor investimento possível alguma vez feito na saúde pública", acrescentou o diretor do Programa Global Contra a Malária da OMS, Pedro Alonso.
"𝐓𝐨𝐝𝐚𝐲, 𝐖𝐇𝐎 𝐢𝐬 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐦𝐦𝐞𝐧𝐝𝐢𝐧𝐠 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐫𝐨𝐚𝐝 𝐮𝐬𝐞 𝐨𝐟 𝐭𝐡𝐞 ’𝐬 𝐟𝐢𝐫𝐬𝐭 #𝐦𝐚𝐥𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐯𝐚𝐜𝐜𝐢𝐧𝐞.
— World Health Organization (WHO) (@WHO) October 6, 2021
This recommendation is based on results from an ongoing pilot programme in 🇬🇭, 🇰🇪 & 🇲🇼 that has reached 800K+ children since 2019"-@DrTedros pic.twitter.com/WNNJvkBsTP
A aprovação da utilização da vacina permitirá que esta seja incorporada no conjunto de ferramentas existentes para o controlo da malária, como redes tratadas com inseticidas, medicamentos profiláticos, diagnóstico e tratamento, não as substituindo, no entanto.
Este projeto-piloto nos três países africanos confirmou a viabilidade de administrar as quatro doses necessárias para esta vacina, o seu papel na redução da mortalidade infantil e a possibilidade de ser integrada nos programas nacionais de vacinação sem grandes complicações.
De acordo com noticiado pela Efe, que cita uma conferência de imprensa hoje realizada, o projeto demonstrou também que a disponibilização da vacina não levou a que as famílias nas zonas endémicas negligenciassem o uso das redes mosquiteiras ou que tenha tido um impacto negativo na cobertura de outras vacinas.
A investigação demonstrou que esta vacina pode reduzir em 30% o número de casos de malária grave que podem levar à morte.
A expansão da vacina RTS,S vai exigir novos investimentos, sendo que a atual aprovação pela OMS permitirá à plataforma Gavi acrescentar a vacina ao seu portfólio e considerar investir neste produto para os países mais pobres.
O relatório mundial sobre a malária revelou que em 2019 se tenham registado 229 milhões de episódios de malária e 400.000 mortes por esta doença.
Mais de 90% destas mortes ocorrem em África e a maioria - mais de 265.000 - em crianças pequenas.
A RTS,S é a primeira e única vacina que demonstrou reduzir a malária em crianças, incluindo a malária grave com risco de vida, internamentos hospitalares relacionados e a necessidade de transfusões de sangue.
A Parceria RBM para o Fim da Malária saudou hoje a decisão da OMS, apelidando-a de "recomendação histórica".
"O anúncio da OMS é um marco histórico para a comunidade global do paludismo, e a Parceria RBM felicita o empenho e os esforços de muitos parceiros ao longo de três décadas para atingir este marco na inovação", afirmou o presidente do conselho executivo da organização, Abdourahmane Diallo, citado num comunicado divulgado no seu portal.
A organização assinalou que nas últimas duas décadas, com o aumento do financiamento, do empenho político e do desenvolvimento de "instrumentos inovadores", reduziu-se "drasticamente o fardo global da malária, prevenindo 1,5 milhões de casos e salvando 7,6 milhões de vidas".
A malária, que é transmitida por um mosquito, pode ser contraída várias vezes ao longo da vida, podendo, também, comprometer o desenvolvimento e a vida futura das crianças quando contraída em idade precoce.
[Notícia atualizada às 21h03]
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