França procura nova relação com África através de cimeira inovadora
A França organiza na sexta-feira uma cimeira com África de forma a debruçar-se sobre temas como a economia, cultura, investigação, desporto e mobilização da sociedade civil através de um novo formato, sem esquecer países lusófonos como Moçambique ou Angola.
© Reuters
Mundo África
Sem chefes de Estado ou ministros como convidados oficiais para a Cimeira França-África, que decorre em Montpellier, Emmanuel Macron quer dar a palavra "às pessoas do continente africano que normalmente não participam neste tipo de eventos internacionais", como jovens, líderes da sociedade civil ou empresários, segundo fonte do Eliseu.
Para isso, cerca de 5.000 pessoas de diversos países africanos com grande ênfase nos países francófonos deslocam-se até ao sul de França para se encontrarem com pessoas-chave da sociedade civil e instituições francesas à volta de temas como empreendedorismo, cultura, ensino e desporto.
Este é um passo estratégico de Paris, numa altura em que a Rússia e a China ganham destaque no continente africano, tanto a nível financeiro como militar.
Um exemplo da perda de influência francesa no continente é o Mali, onde a presença militar gaulesa tem levado a manifestações nas ruas de Bamaco, ao mesmo tempo que a ajuda paramilitar russa no combate ao terrorismo é cada vez mais presente no país e contestada pelo Governo francês, com o ministro do Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, a denunciar estes paramilitares como "uma milícia".
Assim, o Presidente Emmanuel Macron "corre o risco" de um envolvimento mais direto com as populações africanas numa altura em que muitos países do continente passam por "momentos particularmente sensíveis".
"Esta não é uma cimeira de oposições políticas, não haverá partidos políticos presentes. É uma cimeira dos indivíduos, das personalidades comprometidas com a mudança nos movimentos políticos ou não, dos ativistas, mas também das pessoas que querem exprimir livremente as suas opiniões", disse fonte do Eliseu.
De forma a compreender melhor as necessidades do continente, o professor universitário e filósofo camaronês Achille Mbembe preparou um relatório baseado em diálogos com jovens africanos em pelo menos 12 países, entre eles Angola.
As recomendações deste relatório vão indicar métodos de ação para os órgãos oficiais franceses junto de ativistas da sociedade civil em África que procuram mudanças duradouras nos domínios da democracia e da transparência.
Para conquistar a juventude, a cimeira em Montpellier vai também abordar a questão dos vistos e da mobilidade, especialmente para estudantes ou investigadores. Apesar de não prometer grandes anúncios, o Eliseu considera que a mobilidade entre o continente europeu e o continente africano deve continuar a desenvolver-se.
A França conta ainda com a diáspora africana no país para levar a cabo esta mudança de paradigma. Desde o início do seu mandato, Emmanuel Macron prestou uma atenção especial a estas comunidades, criando mesmo um Conselho Presidencial para África, composto por membros da diáspora africana em França.
Nesta operação em larga escala virada para o continente africano estão envolvidos pelo menos oito ministérios franceses, com uma forte influência do Ministério da Economia e Finanças que organizou em 05 e 06 de outubro a conferência "Ambição África", em Paris, onde centenas de empresários africanos, incluindo angolanos e moçambicanos, encontraram os principais atores da economia francesa para repensar o financiamento das economias africanas e o seu desenvolvimento.
Entre os participantes nesta cimeira e nas atividades estão vários representantes de países lusófonos, especialmente empresários, desportistas e líderes da sociedade civil oriundos de Angola e Moçambique para participar nas discussões sobre o futuro das relações do continente com França.
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