"Declaramos que aceitamos e respeitamos a decisão do ICJ. Esperamos que o nosso vizinho Quénia respeite a supremacia do direito internacional e dos tratados e aceite a decisão do tribunal", afirmou Farmajo, numa mensagem à nação, citada pela agência noticiosa Efe.
O chefe de Estado somali acusou Nairobi de "utilizar todos os meios" para travar o caso e interferir nos assuntos internos da Somália.
"A decisão do Tribunal é uma oportunidade de reforçar as relações entre os nossos dois países e povos", afirmou, em tom mais conciliatório, tendo pedido uma "coexistência pacífica e a cooperação de vizinhança" entre os dois Estados.
No entanto, o executivo queniano afirmou hoje que não irá ceder "um centímetro" na disputa da fronteira marítima com a Somália.
"Estão a tentar utilizar os tribunais internacionais para destruir o nosso país", afirmou o ministro da Agricultura do Quénia, Peter Munya, citado por órgãos de comunicação social locais.
"Não vamos ceder um centímetro. A nossa integridade territorial deve ser respeitada em todo o mundo", acrescentou o ministro em reação ao acórdão do TIJ.
O Quénia disse, na semana passada, que não reconheceria a decisão do tribunal, alegando que o processo judicial tinha "um preconceito óbvio e inerente".
O TIJ, das Nações Unidas, decidiu hoje de forma unânime a favor da Somália na disputa com o vizinho Quénia sobre uma fronteira marítima, num caso que envolve um território potencialmente rico em petróleo e gás.
A decisão proferida pelo mais alto tribunal das Nações Unidas é juridicamente vinculativa, embora o tribunal não tenha poderes de execução.
O tribunal rejeitou a reivindicação do Quénia sobre a fronteira marítima que pretendia, afirmando que este país não a tinha mantido de forma consistente. Em vez disso, o tribunal aproximou-se da reivindicação da Somália que apontava para uma linha reta para o oceano Índico a partir da sua fronteira.
Porém, o tribunal rejeitou o pedido de reparações por parte da Somália, depois de o país ter alegado que algumas das atividades marítimas do Quénia tinham violado a sua soberania.
O tribunal, baseado em Haia, na Holanda, observou que "não pode ignorar o contexto da guerra civil", que desestabilizou a Somália durante anos e limitou as suas funções governamentais.
Ao mesmo tempo, também considerou não ter encontrado "nenhuma prova irrefutável de que a Somália tenha consentido" a reivindicação do Quénia de uma fronteira marítima ao longo de uma linha paralela de latitude.
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