Meteorologia

  • 05 NOVEMBER 2024
Tempo
18º
MIN 17º MÁX 22º

Cortes na África Ocidental podem gerar pior crise de desigualdade

Os cortes orçamentais previstos na maioria dos países da África Ocidental para compensar as perdas económicas provocadas pela covid-19 podem desencadear a pior crise de desigualdade das últimas décadas na região, alertou hoje a ONG internacional Oxfam.

Cortes na África Ocidental podem gerar pior crise de desigualdade
Notícias ao Minuto

14:58 - 14/10/21 por Lusa

Mundo Oxfam

"Catorze dos dezasseis países da África Ocidental planeiam cortes nos orçamentos nacionais, num total de 26,8 mil milhões de dólares [cerca de 23,1 mil milhões de euros], nos próximos cinco anos, a fim de compensar parcialmente os 48,7 mil milhões de dólares [41,99 mil milhões] perdidos em 2020, devido à pandemia na região", disse a Oxfam numa declaração.

"As organizações apelam a uma mudança urgente de rumo, à medida que os governos da África Ocidental preparam os seus orçamentos anuais e participam nas Reuniões Anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI)", acrescentou a ONG humanitária, apontando críticas a esta última instituição, que considera responsável por encorajar a austeridade ao conceder os seus empréstimos para os Estados enfrentarem a pandemia.

Segundo a Oxfam, que publicou hoje um relatório conjunto com a Development Finance International (DFI), intitulado "The West Africa Inequality Crisis: Tackling Austerity and the Pandemic", a austeridade, os níveis de endividamento elevados e o acesso desigual às vacinas podem exacerbar a crise de desigualdade "para níveis sem precedentes", empurrando mais de mil milhões de pessoas para a pobreza e fome.

"Estamos no meio de uma pandemia que empurrou milhões para a pobreza extrema e que ameaça inverter os progressos feitos nas últimas duas décadas", disse Assalama Dawalak Sidi, diretor regional da Oxfam para a África Ocidental, numa conferência de imprensa virtual.

"Esta falta de empenho em reduzir a desigualdade no meio da pior pandemia do século pode levar à pior crise de desigualdade em décadas", acrescentou Sidi, avisando que a desigualdade está a alimentar "perigosamente" o conflito na região do Sahel.

A organização também advertiu que os reembolsos da dívida em 2020-2021 absorverão cerca de 61,7% das receitas públicas da África Ocidental.

Sidi considerou que agora não é o momento para cortes orçamentais devido ao contexto da região, onde se perderam sete milhões de empregos.

Além disso, a África Ocidental enfrenta um número crescente de novos casos de covid-19 e falta de vacinas (menos de 4% dos africanos ocidentais estão totalmente vacinados), enquanto o Sahel está a passar por uma das piores crises de fome.

Matthew Martin, diretor da Development Finance International, recomendou um aumento dos orçamentos para a proteção social, saúde pública e educação, às quais se aplicam taxas proporcionais de acordo com o rendimento; e apoio a um salário mínimo e aos direitos das mulheres no local de trabalho.

Segundo o relatório da Oxfam e do DFI, os governos da África Ocidental são os menos empenhados na redução das desigualdades no continente, sendo o Togo, Cabo Verde e Gana os mais envolvidos, e a Nigéria, Libéria e Guiné-Bissau os menos envolvidos.

Leia Também: BOAD desafia privados guineenses a apresentar projetos para financiamento

Recomendados para si

;
Campo obrigatório