Em simultâneo, o Ministério da Justiça afirmou o compromisso do Governo em aplicar, "no melhor interesse dos gambianos", as futuras recomendações de uma comissão que durante dois anos investigou sobre estes crimes, como exigiram os cerca de 400 manifestantes, indicou a agência noticiosa France-Presse.
Estas recomendações são muito aguardadas, em particular sobre a eventual abertura de um inquérito contra Yahya Jammeh, no poder entre 2017 e 2017, quando foi forçado ao exílio sob pressão de uma intervenção militar de países da África Ocidental.
A Comissão Verdade, Reconciliação e Compensações (TRCC) acaba de adiar pela terceira vez a publicação do seu relatório, sem precisar se será apresentado antes das presidenciais de 04 de dezembro.
"Não à impunidade" ou "Nunca mais" foram as frases escritas em cartazes ou nas 't-shirts' dos manifestantes.
Ao dirigir-se ao Presidente Adama Barrow e ao Governo, o presidente da Tango, uma federação de organizações não-governamentais (ONG) que convocaram a manifestação em conjunto com uma associação de vítimas, apelou à "renovação" do "empenhamento" do chefe de Estado e do Governo "para garantir que a TRCC não tenha trabalhado em vão".
"Esperamos uma rápida aplicação, transparente e justa, das recomendações que vão ser submetidas pela TRCC", acrescentou.
"Seria lamentável que vós, a classe política, sacrificassem o bem-estar das vítimas no altar das oportunidades políticas", disse John C. Njie ao discursar na tribuna.
Na sexta-feira, Yahya Jammeh entendeu demonstrar o peso que ainda possui ao denunciar à distância o acordo concluído entre o seu partido e a formação do atual chefe de Estado na perspetiva do escrutínio presidencial. No início de setembro o seu partido anunciou uma aliança com o do atual Presidente para o apoiar nas presidenciais.
A intervenção de Yahya Jammeh alterou os dados da campanha, e surge quando ainda são desconhecidas as intenções do Presidente Barrow caso a Comissão recomende um processo contra o seu antecessor.
Jammeh tomou o poder em 1994 na sequência de um golpe de Estado e governou com mão de ferro até 2017 este país da África Ocidental com pouco mais de dois milhões de habitantes e um dos mais pobres do mundo. Optou pelo exílio na Guiné Equatorial após ter sido derrotado nas presidenciais por Adama Barrow.
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