O antigo primeiro-ministro cabo-verdiano José Maria Neves foi eleito no domingo, à primeira volta, o quinto Presidente da República de Cabo Verde, com 51,7% dos votos, de acordo com os dados do apuramento provisório atualizado esta manhã.
Segundo os dados da Direção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE) e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Maria Neves contabilizava 95.221 votos, com 99,4% das mesas apuradas, enquanto o principal opositor, Carlos Veiga, também antigo primeiro-ministro (1991 a 2000), voltou a falhar a eleição, pela terceira vez (2001 e 2006), garantindo 78.142 votos, equivalente a 42,4%.
Os votos em branco nesta eleição representaram 2,2% dos boletins em urna, votação que registou ainda uma taxa de abstenção de 52%, com 190.325 eleitores a votarem no domingo no arquipélago e na diáspora.
Professor universitário, José Maria Neves, 61 anos, contou nesta candidatura com o apoio do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), que liderou e pelo qual foi primeiro-ministro cabo-verdiano de 2001 a 2016.
José Maria Neves assumiu no domingo à noite, no discurso de vitória, que vai "dialogar com todos", apelando à união de esforços entre os órgãos de soberania e sociedade civil na recuperação económica do país.
"Trata-se de uma grande vitória do povo de Cabo Verde. Quem ganha numa jornada cívica desta envergadura são as cabo-verdianas e os cabo-verdianos, nas ilhas e na diáspora, que deram um grande exemplo de civismo", afirmou.
Na mesma intervenção, já ao som da forte festa pelas ruas da capital, prometeu ser um "Presidente que une, que cuida e que protege" e "um Presidente de todas as cabo-verdianas e de todos os cabo-verdianos".
José Maria Neves já foi dirigente partidário -- presidente do PAICV e militante há cerca de 40 anos -, deputado nacional, presidente de câmara (Santa Catarina) e ministro.
Nestas sétimas eleições presidenciais o candidato Casimiro de Pina arrecadou 3.321 votos (1,8%), Fernando Rocha Delgado 2.514 votos (1,4%), Hélio Sanches 2.112 votos (1,1%), Gilson Alves 1.552 votos (0,8%) e Joaquim Monteiro 1.374 votos (0,8%).
Esta foi a primeira vez que Cabo Verde registou sete candidatos a Presidente da República em eleições diretas, depois de até agora o máximo ter sido quatro, em 2001 e 2011.
Estas eleições encerram o ciclo eleitoral iniciado em 25 de outubro de 2020, com as autárquicas, que prosseguiu em 18 abril passado, com as legislativas, sempre com a aplicação de medidas de proteção sanitária, como a utilização de máscara e desinfeção obrigatória à entrada das assembleias de voto, devido à pandemia de covid-19.
Estavam inscritos para votar nos 22 círculos eleitorais do país 342.777 eleitores, enquanto os 16 círculos/países no estrangeiro contavam 56.087 eleitores recenseados, totalizando assim 398.864 cabo-verdianos em condição de votar.
A estas eleições já não concorreu Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República.
As eleições presidenciais de Cabo Verde foram acompanhadas em todo o país por 104 observadores internacionais, sendo 30 da União Africana, numa missão liderada pelo diplomata e antigo ministro angolano Ismael Gaspar Martins, 71 da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e três da embaixada dos Estados Unidos da América na Praia.
Cabo Verde já teve quatro Presidentes da República desde a independência de Portugal em 1975, sendo o primeiro o já falecido Aristides Pereira (1975 - 1991) por eleição indireta, seguido do também já falecido António Mascarenhas Monteiro (1991 -- 2001), o primeiro por eleição direta, em 2001 foi eleito Pedro Pires e 10 anos depois Jorge Carlos Fonseca.
As anteriores presidenciais em Cabo Verde, que reconduziram o constitucionalista Jorge Carlos Fonseca como Presidente da República, realizaram-se em 02 de outubro de 2016 (eleição à primeira volta, com 74% dos votos).
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