"Espero, imediatamente após tomar posse, poder encontrar-me com o Dr. Carlos Veiga, e com os outros candidatos, para conversarmos sobre Cabo Verde, e quero contar com todas as capacidades e todas as competências nas ilhas e na diáspora para que possamos todos trabalhar por Cabo Verde", garantiu José Maria Neves.
Após um encontro com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, o Presidente eleito disse ainda que quer trabalhar para uma despartidarização da sociedade cabo-verdiana.
"Independentemente de a pessoa ser do partido A ou do partido B, desde que tenha capacidade, tenha competência, mesmo não tendo partido político, deve ser amplamente mobilizada para os desafios que temos pela frente", apontou.
O antigo primeiro-ministro, de 2001 a 2016, pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, atualmente oposição), foi eleito no domingo, à primeira volta, o quinto Presidente da República de Cabo Verde, com 51,7% dos votos.
Em entrevista hoje à agência Lusa, Neves afirmou que não será uma força de bloqueio e que cabe ao Governo a tarefa de governar, assumindo que pretende dar "estabilidade" na governação do país.
O Presidente eleito deverá ser empossado no início de novembro, na Assembleia Nacional, na Praia, e vai coabitar com o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva, suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD, maioria) desde 2016, precisamente após o último mandato de José Maria Neves como primeiro-ministro.
Segundo os dados da Direção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE) e da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Maria Neves contabilizou 95.803 votos, com 100% das mesas apuradas, enquanto o principal opositor, Carlos Veiga, também antigo primeiro-ministro pelo MpD (1991 a 2000), voltou a falhar a eleição, pela terceira vez (2001 e 2006), garantindo 78.474 votos, equivalente a 42,4%.
Além de Neves e Veiga, os outros foram Casimiro de Pina, com 3.343 votos (1,8%), Fernando Rocha Delgado, com 2.516 votos (1,4%), Hélio Sanches arrecadou 2.119 votos (1,1%), Gilson Alves com 1.558 votos (0,8%) e Joaquim Monteiro com 1.378 votos (0,7%).
Esta foi a primeira vez que Cabo Verde registou sete candidatos oficiais a Presidente da República em eleições diretas, depois de até agora o máximo ter sido quatro, em 2001 e 2011.
Às eleições de domingo já não concorreu Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República, mas registou-se um recorde de sete candidatos presidenciais.
Cabo Verde já teve quatro Presidentes da República desde a independência de Portugal em 1975, sendo o primeiro o já falecido Aristides Pereira (1975 - 1991) por eleição indireta, seguido do também já falecido António Mascarenhas Monteiro (1991 -- 2001), o primeiro por eleição direta, em 2001 foi eleito Pedro Pires e 10 anos depois Jorge Carlos Fonseca.
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