Etiópia: Estados Unidos apelam aos seus cidadãos para saírem do país

Os Estados Unidos da América apelaram hoje aos seus cidadãos que se encontram na Etiópia para "deixar o país o mais rápido possível" face à "escalada" do conflito entre o governo federal e os rebeldes da província do Tigray.

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© AMANUEL SILESHI/AFP via Getty Images

Lusa
05/11/2021 16:44 ‧ 05/11/2021 por Lusa

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Etiópia

 

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"Recomendamos fortemente aos cidadãos americanos que se abstenham de viajar para a Etiópia, e aos que se encontram atualmente na Etiópia para começarem a preparar a sua saída", escreveu a embaixada dos Estados Unidos em Adis Abeba na rede social Twitter.

O Departamento de Estado tinha já reforçado na terça-feira os alertas aos viajantes norte-americanos, recomendando-lhes que não viajassem para a Etiópia ou que "considerassem a partida caso já se encontrassem no país".

Mas na mensagem de hoje, a embaixada vai mais além: "A situação de segurança na Etiópia é muito fluida. Recomendamos que os cidadãos americanos deixem o país o mais rápido possível".

Embora aconselhe o embarque em voo comercial, a embaixada anuncia que está pronta para ajudar os seus concidadãos, se necessário.

Nove grupos rebeldes etíopes, incluindo os da região de Tigray que ameaçam marchar sobre a capital, Adis Abeba, anunciaram hoje que se aliaram contra o Governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed, numa fase em que a guerra se intensificou.

A aliança das nove milícias apresenta-se como Frente Unida das Forças Federalistas e Confederadas da Etiópia e junta a Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF, na sigla em inglês), que tem estado na linha da frente do conflito, o Exército de Libertação Oromo (OLA), grupo armado de etnia oromo que já tinha formado uma aliança com a TPLF, e sete movimentos menos conhecidos "de alcance incerto", segundo a agência de notícias France-Presse.

As restantes sete organizações têm como origem várias regiões (Gambella, Afar, Somali e Benishangul) ou grupos étnicos (agew, qemant, sidama) que compõem a Etiópia.

O Governo está em guerra há um ano no norte do país contra os rebeldes da TPLF, que nos últimos meses têm avançado para além da sua região, caminhando inclusive para a capital, segundo fontes locais.

A TPLF afirmou na quarta-feira ter chegado à cidade de Kemissie, na vizinha região de Amhara, a 325 quilómetros a norte da capital. Ali juntaram-se aos combatentes da OLA.

O Governo etíope nega qualquer avanço rebelde e disse na quinta-feira que não iria recuar nesta "guerra existencial".

Ambos os lados estão a ignorar os apelos dos EUA e da comunidade internacional para um cessar-fogo e dialogarem entre si para negociarem a paz.

O conflito em Tigray começou em 04 novembro de 2020 e teve uma escalada nos últimos meses.

Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, declarou a vitória em 28 de novembro após enviar o exército para a região para retirar as autoridades dissidentes da TPLF, a quem acusou de atacarem as bases militares federais.

Mas em junho, os combatentes da TPLF assumiram controlo da maior parte da região.

O Governo retirou as suas tropas e declarou um cessar-fogo unilateral em 28 de junho, mas os rebeldes continuaram a sua ofensiva nas regiões de Afar e Amhara.

Desde então, os combates alastraram-se aos estados vizinhos de Afar e Amhara e prosseguem agora em direção à capital etíope. As forças federais etíopes têm contrariado as ofensivas rebeldes sobretudo através da força aérea.

 

Leia Também: Exército da Etiópia pede apoio a ex-membros das forças armadas na guerra

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