Os ataques ocorreram na zona de Bunagana, um importante posto aduaneiro a 80 quilómetros de Goma, capital provincial de Kivu Norte e nesta área situa-se uma base de paramilitares responsáveis da proteção do parque nacional de Virunga, que ficou sob controlo dos atacantes.
Hoje à tarde, as autoridades locais no distrito de Kisoro, do lado do Uganda, disseram que pelo menos 5.000 pessoas se refugiaram lá.
"Os refugiados chegaram em grande número, que calculamos serem 5.000, e outros encontram-se a caminho, escreveu Rukundo Manasseh, presidente do comité de gestão de desastres de Kisoro, numa carta dirigida às autoridades locais e a que a agência AFP teve acesso.
"A área está sobrecarregada por esses refugiados", acrescenta o dirigente, que descreve a situação como "muito alarmante".
Segundo Kukundo Manasseh, a maior parte dos refugiados são idosos, mulheres e crianças, sem acesso a água potável ou a abrigos.
Primrose Natukunda, diretora da Cruz Vermelha de Kisoro, citada pela AFP, disse que o número de refugiados deverá ser maior porque, acrescentou, nem todos passaram pelo posto fronteiriço de Bunagana.
Os ataques, conduzidos por homens fortemente armados, iniciaram-se pelas 22:00 locais (às 20:00 em Lisboa), disse à AFP fonte militar da RDCongo, que acrescentou terem sido ouvidas detonações de armas pesadas e ligeiras, que se prolongaram até às primeiras horas de hoje e que levaram os habitantes locais a fugir, deixando Bunagana praticamente vazia, segundo testemunhos feitos à AFP.
As províncias de Kivu Norte e a vizinha Ituri encontram-se sob estado de sítio e administração militar desde o passado dia 06 de maio como resposta à violência crescente no leste do país.
A notícia do ataque foi feita hoje em Kinshasa pelo ministro da Comunicação e Media, Patrick Muyaya, que não identificou os atacantes.
"Várias posições das Forças Armadas da República Democrática do Congo (RDCongo) foram atacadas durante a noite de domingo para segunda-feira numa zona estratégica da fronteira com o Uganda", afirmou o governante.
O leste da RDCongo é cenário há mais de 20 anos de um conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques do exército governamental, apesar da presença da missão de paz da ONU (MONUSCO), que mantém cerca de 14 mil "capacetes azuis" na região.
A falta de alternativas e garantias de estabilidade e subsistência levaram milhares de cidadãos da RDCongo a pegar em armas e, segundo a ferramenta de acompanhamento da segurança Kivu Security Tracker, a região é agora campo de batalha de pelo menos 122 grupos rebeldes.
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