"A CPLP não é passado, é futuro" e tem vários desafios no curto-prazo
O secretário-executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) defendeu hoje que a organização "não é passado, é futuro", e tem vários os desafios "no curto prazo", entre estes o de avançar no acordo de mobilidade.
© Lusa
Mundo Zacarias da Costa
"A CPLP não é passado, é futuro" e "tem ainda muito caminho a percorrer e muito trabalho a desenvolver", afirmou hoje o diplomata timorense Zacarias da Costa, intervindo num seminário internacional sobre os 25 anos da organização, promovido em Lisboa pelo Congresso brasileiro.
"No caminho para o futuro, creio que são vários os desafios que interpelam a CPLP no curto prazo", acrescentou.
Entre estes desafios, Zacarias da Costa destacou a promoção de "um quadro facilitador de cooperação económica e empresarial, nomeadamente a internacionalização das empresas, a proteção mútua de investimentos e o incremento das trocas comerciais" e o avanço "na implementação do acordo sobre a mobilidade", uma proposta negociada pela presidência cabo-verdiana e aprovada na cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Angola, em julho passado.
"A presidência rotativa de Angola abre-nos expetativas renovadas sobre a cooperação económica e empresarial", sublinhou, propondo incluir a vertente de integração económica entre os objetivos gerais da organização, "o que permitirá consolidar uma agenda comum para este setor", referiu.
"Importa avançarmos na implementação do acordo sobre a mobilidade (...) como forma não só de reforçar o sentimento de pertença dos cidadãos à comunidade, mas também de forma a gerar um impacto económico positivo que seguramente decorrerá de uma circulação facilitada", apontou também.
Zacarias da Costa continuou a elencar desafios de curto prazo para a organização, nomeadamente a necessidade de "potenciar a parceria" com os 32 observadores associados da CPLP e "com futuros candidatos", para que a comunidade lusófona possa "tirar maior partido" do "relacionamento privilegiado" que estabeleceu com aqueles países.
Outro desafio passa pelo reforço dos meios para a promoção da língua portuguesa, no plano interno e no plano externo, indicou.
"No plano interno, projeções da ONU apontam para a duplicação dos falantes de português até ao final deste século, sobretudo graças ao crescimento demográfico em Angola e Moçambique. Mas este crescimento só terá um verdadeiro impacto caso seja assegurado o uso generalizado do português por parte destas populações", afirmou o secretário-executivo.
"No plano externo, a declaração, pela UNESCO, do 5 de maio como o dia Mundial da Língua Portuguesa é o reconhecimento da importância crescente da língua portuguesa: atualmente o português é a língua mais falada no hemisfério Sul, graças ao Brasil; está entre a 4ª ou 5ª mais falada no mundo; é uma das que regista maior crescimento na internet. É língua oficial e/ou de trabalho em 32 organizações internacionais", realçou.
Mas, para Zacarias da Costa, a CPLP deve "agora prosseguir na implementação do Plano Operacional para a Promoção e Difusão da Língua Portuguesa 2021-2026, o qual facilitará a aplicação das estratégias globais delineadas nos Planos de Ação de Brasília; de Lisboa; de Díli; e da Praia, num trabalho coordenado entre secretariado-executivo, o Instituto Internacional de Língua Portuguesa e os Estados-membros".
Zacarias da Costa falava no seminário internacional de dois dias que o Senado e a Câmara dos Deputados brasileiros estão a realizar em Lisboa, começando hoje com a Jornada Agostinho da Silva, dedicada aos 25 anos da CPLP.
Assim, concluiu: O espaço de reflexão e de divulgação que a realização desta jornada permitiu, assim como o lançamento da publicação da Fundação Alexandre de Gusmão, intitulada Panorama da Contribuição do Brasil para a Difusão da Língua Portuguesa (...), constitui um importantíssimo contributo prestado pelo Brasil, por intermédio das entidades envolvidas, na promoção da língua que a todos nos congrega".
No segundo dia, o seminário vai centrar o debate no "Agronegócio Sustentável no Brasil".
Este seminário ocorre no contexto do IX Fórum Jurídico de Lisboa, que todos os anos reúne autoridades brasileiras e portuguesas para a discussão de temas de interesse comum.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP, que a 17 de julho último celebrou o seu 25.º aniversário.
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