A crise política no país mais pobre da União Europeia (UE) dura desde as eleições de 04 de abril.
Dessas eleições resultou um parlamento altamente fragmentado, com três novos partidos que emergiram dos protestos do verão anterior contra o Governo conservador do Cidadãos para um Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB), liderado pelo populista Boiko Borisov, formação que dominava desde 2009.
Como os resultados não deram maiorias claras, e face aos fracassos das tentativas de formar governos de coligação, foi convocada nova votação para 11 de julho, na qual o GERB foi ultrapassado pelo Existe Tal Povo, formação antissistema e contestatária, do cantor e apresentador de televisão Slavi Trifonov.
Mas os resultados foram bastantes semelhantes aos de abril, e tanto Trifonov como o ex-primeiro ministro Boiko Borisov desistiram de formar um governo e optaram por não abrir negociações com outras forças políticas.
Os novos partidos que surgiram não somam maiorias de governo nem estão dispostos a apoiar as três formações tradicionais - o GERB, o Partido Socialista e o Movimento pelos Direitos e Liberdades - que consideram responsáveis pela corrupção e clientelismo político no país.
O país tem sido governado por um executivo formado por tecnocratas e agora, a 14 de novembro, haverá duplo ato eleitoral - para o parlamento e para Presidente - num momento em que a Bulgária, na cauda da UE no que respeita à vacinação (21,8% da população totalmente vacinada) enfrenta uma nova vaga da pandemia de covid-19.
Na terça-feira, Sofia ativou o mecanismo europeu de proteção civil devido à situação da pandemia, pedindo medicamentos e dispositivos médicos como ventiladores, camas de cuidados intensivos e máscaras de oxigénio, depois de registar novo recorde de mortes diárias devido à doença covid-19, com 334 óbitos em 24 horas.
Desde o início da pandemia na Europa, a Bulgária registou 643.003 casos de covid-19 e 25.555 mortes pela doença. Mais de 3.000 pessoas morreram de covid-19 no país só em outubro, sete vezes mais do que no mesmo mês do ano passado.
Outro fator que pesa neste duplo ato eleitoral é a taxa de participação de um eleitorado cansado, que entre as eleições de abril e as de julho caiu de 49% para 41%.
As sondagens mais recentes colocam de novo o GERB como a força política mais votada, com cerca de 23%, seguido do Partido Socialista búlgaro, com 15%.
Em terceiro surge agora o Continuamos a Mudança, fundado há apenas umas semanas por dois ministros do atual governo tecnocrata, Kiril Petkov (economia) e Asen Vasilev (finanças) também com 15% das intenções de voto.
O grande perdedor apontado pelas sondagens será o Existe tal Povo, que desce de mais de 23% para 13%, 'penalizado' pela forma como geriu a anterior vitória eleitoral e a incapacidade de formar governo.
Nas eleições presidenciais, as incertezas são quase inexistentes, com o atual Presidente, Rumen Radev, a candidatar-se para um segundo mandato.
Radev é o grande favorito entre os mais de 20 candidatos, com entre 43% e 51% das intenções de voto, segundo as sondagens.
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