Amnistia Internacional denuncia nível "endémico" de violações na Nigéria
O número de violações atingiu um "nível endémico" na Nigéria, o país mais populoso de África, onde a maioria das vítimas são silenciadas e os violadores escapam à acusação, alertou hoje a Amnistia Internacional (AI).
© Reuters
Mundo Abuso sexual
Num relatório, a organização afirma que centenas de violações só não são denunciadas devido à inação oficial, corrupção, estigmatização e culpabilização das vítimas.
"Não foram tomadas medidas concretas para enfrentar a crise das violações na Nigéria, com a seriedade que a situação merece", indicou a diretora da AI na Nigéria, Osai Ojigho, citada no relatório.
E prosseguiu: "Mulheres e raparigas continuam a ser negligenciadas por um sistema em que é cada vez mais difícil para as vítimas obterem justiça".
O relatório, intitulado "Nigéria, uma jornada dolorosa: Acesso à justiça para mulheres e raparigas sobreviventes de violação", baseia-se em entrevistas a 14 mulheres e raparigas vítimas de violação, com idades entre os 12 e os 42 anos, bem como a familiares de sete vítimas menores.
Apesar da dificuldade em obter estatísticas precisas, a ONG, que acredita que o número de violações é "subestimado", nota uma "explosão" de casos desde o início da pandemia de covid-19.
"A pandemia de covid-19 apenas realçou uma realidade de longa data. Não só as mulheres e raparigas são violadas na Nigéria, mas quando encontram a coragem de denunciar, os polícias tratam-nas com desprezo, acusando-as de mentir e de procurar atenção", disse Ojigho.
A Amnistia Internacional culpa a cultura de silêncio do gigante da África Ocidental por "falhas dos funcionários na investigação de casos de violação", "misoginia tóxica" e "apoio inadequado às vítimas".
Os ministérios da Justiça e dos Assuntos das Mulheres não responderam imediatamente aos pedidos da agência AFP.
Em junho de 2020, o chefe da polícia da Nigéria citou um aumento acentuado dos casos de violação e violência doméstica contra as mulheres durante o encerramento relacionado com a pandemia.
Por sua vez, a ministra dos Assuntos da Mulher da Nigéria, Pauline Tallen, disse que os casos de abuso contra mulheres e crianças tinham triplicado à medida que as vítimas ficavam presas nas suas casas.
Os governadores do Estado tinham declarado um "estado de emergência" sobre a violação e a violência baseada no género, dizendo que estavam "determinados a assegurar que os perpetradores enfrentassem toda a força da lei".
Uma em cada quatro mulheres na Nigéria é abusada sexualmente antes dos 18 anos de idade, de acordo com a Unicef. A maioria dos casos não são levados à justiça.
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