"O Escritório de Representação de Taiwan na Lituânia inicia oficialmente as suas atividades em Vílnius em 18 de novembro de 2021", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Taipé, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A decisão rompe com a tradição da ilha de chamar a essas representações "Escritório de Representação de Taipé", que não têm estatuto de embaixada.
A abertura desta representação tinha sido anunciada pela Lituânia em julho e desencadeou uma campanha de pressão da China.
Em resposta, Pequim retirou o seu embaixador em Vílnius e exigiu que a Lituânia retirasse a sua embaixadora em Pequim, o que aconteceu em setembro.
Pequim também suspendeu os comboios de mercadorias para a Lituânia e deixou de emitir licenças de exportação para produtos alimentares.
A República Popular da China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, quando o antigo Governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.
Menos de duas dezenas de países mantêm relações diplomáticas com Taiwan e qualquer contacto oficial com a ilha é imediatamente alvo de protestos por Pequim.
A questão de Taiwan foi abordada no recente encontro, por videoconferência, entre os presidentes da China e dos Estados Unidos, com Xi Jiping a avisar Joe Biden que trabalhar em prol da independência da ilha seria "brincar com o fogo".
"As autoridades taiwanesas tentaram repetidamente contar com os Estados Unidos para alcançarem a independência e algumas [forças políticas] nos Estados Unidos estão a tentar usar Taiwan para conter a China", observou Xi.
"É uma tendência muito perigosa, que equivale a brincar com o fogo", disse Xi, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, divulgado na passada terça-feira.
Joe Biden disse a Xi Jiping que os EUA se opõem a qualquer "tentativa unilateral de mudar o 'status quo' ou minar a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan", segundo um comunicado da Casa Branca.
Biden reafirmou, recentemente, por duas vezes, o compromisso dos EUA em defender Taiwan, no caso de um ataque da China.
Os EUA têm fornecido equipamento militar a Taipé e, hoje mesmo, a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, participou na cerimónia de formação do primeiro esquadrão de caças F-16V.
Trata-se de um avião de fabrico norte-americano que irá reforçar a defesa da ilha contra as ameaças da China.
"Isto representa a promessa inabalável da parceria entre Taiwan e os Estados Unidos", disse Tsai, citada pela AFP, tendo ao seu lado a representante dos EUA em Taipé, Sandra Oudkirk.
"Estou confiante de que, mantendo os valores democráticos, haverá certamente outros países com valores semelhantes que se manterão connosco", acrescentou.
Tsai Ing-wen quer criar uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusa-se a reconhecer o Consenso Pequim-Taipé de 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio "uma só China".
O F-16V é uma versão melhorada e mais sofisticada dos caças F-16 de Taiwan, que datam da década de 1990.
A ilha tem também caças Mirage de fabrico francês e o seu próprio avião de guerra local.
Taiwan está a atualizar 141 F-16 para a versão V e também encomendou 66 novos F-16V.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Zhao Lijian reagiu numa conferência de imprensa, exortando os EUA a não enviarem "sinais errados às forças separatistas" na ilha.
Os EUA reconhecem oficialmente a República Popular da China, mas opõem-se a qualquer tentativa de alterar o estatuto de Taiwan pela força.
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