"É do interesse da Rússia que a Europa seja razoável e deixe de considerar a Rússia responsável por todos os males", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, em conferência de imprensa.
"A Rússia não trava nenhuma 'guerra híbrida'", acrescentou o porta-voz, referindo-se ao conceito de defesa que consiste num conflito não convencional de penetração irregular através de vários meios, entre os quais informáticos, com o intuito de provocar instabilidade.
Um dia depois do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ter advertido Moscovo contra "qualquer aventureirismo militar" nas fronteiras polaco-bielorrussa e ucraniana, Dmitri Peskov apontou ainda um aumento de "publicações histéricas" por parte dos 'media' no Reino Unido.
De acordo com Peskov, o Presidente russo, Vladimir Putin, deve hoje abordar estas matérias numa reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, não fornecendo, no entanto, mais detalhes sobre a intervenção do chefe de Estado.
A NATO, Washington, Paris e Berlim têm denunciado o reforço da presença de tropas russas nas fronteiras orientais da Ucrânia, onde um conflito entre Kiev e as forças pró-russas se mantém desde a anexação da Crimeia em 2014.
Entretanto, a Ucrânia disse hoje que pretende adquirir armas "defensivas" junto de países ocidentais para fazer face "à agressividade" da Rússia perto da fronteira.
"A agressividade da Rússia tem endurecido consideravelmente nas últimas semanas", indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kouleba, em declarações aos jornalistas na capital ucraniana.
Neste sentido, a Ucrânia prevê negociar com o Ocidente a conclusão de acordos sobre a compra de armas defensivas, segundo afirmou o chefe da diplomacia.
Na passada segunda-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, advertiu Moscovo contra as "novas ações agressivas" na fronteira com a Ucrânia, onde se registam movimentos militares russos "importantes e inusuais".
"Todas as novas provocações ou ações agressivas por parte da Rússia são muito preocupantes. Nós apelamos à Rússia para que seja 'transparente' sobre as atividades militares", disse Stoltenberg durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia que decorreu em Bruxelas, no quartel-general da NATO.
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