O barómetro semanal do ONS calculou que 964.800 pessoas estavam infetadas com o novo coronavírus no Reino Unido entre 07 e 13 de novembro, menos 10% do que na semana anterior e a primeira vez abaixo de um milhão desde outubro.
Este estudo concentra-se em pessoas que estão em casa e não contabiliza internados no hospital ou residentes em lares de idosos, e estima a prevalência do vírus na comunidade com base numa amostra de testes positivos que recebe.
Pelo contrário, o número de casos relatados diariamente pelo Governo britânico restringe-se aos infetados confirmados que fizeram teste porque tinham sintomas ou tiveram algum contacto de risco.
O número médio de novos casos no Reino Unido publicado pelas autoridades tem apresentado uma ligeira tendência de aumento nos últimos dias.
Entre 13 e 19 de novembro foram registados 281.128 casos, mais 13,1% do que nos sete dias anteriores, uma média diária de 40.161 casos.
No mesmo período, morreram 1.038 pessoas, menos 4,8% do que nos sete dias anteriores, uma média de 148 óbitos por dia.
John Edmunds, professor na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e membro de um grupo de cientistas que aconselha o Governo, disse hoje à estação pública britânica BBC que o Reino Unido poderá estar a beneficiar do impacto das vacinas de reforço nos mais idosos e pessoas vulneráveis, lançadas em setembro, e da imunidade desenvolvida pelas crianças e jovens resultante do elevado nível de infeções registado desde julho.
"Estamos numa situação muito diferente, em alguns aspetos à frente" do resto da Europa, onde se regista atualmente uma nova vaga de casos, afirmou.
Porém, o cenário pode mudar se as vacinas de reforço, alargadas, entretanto, aos maiores de 40 anos, não tiverem grande adesão porque, ao remover todas as restrições desde julho, incluindo o uso de máscara, o Governo apostou na vacinação para controlar a pandemia.
"É incerto se as coisas vão piorar", declarou o especialista, prevendo que o nível de infeções vai continuar alto durante o inverno, mesmo se não chegar aos números de vagas anteriores.
O estudo REACT publicado na quinta-feira pela universidade Imperial College London com os resultados de outubro também concluiu que as infeções já estavam a diminuir, apesar de continuarem num nível elevado.
As taxas eram mais altas em crianças em idade escolar, nos grupos dos 05 aos 12 anos e dos 13 aos 17 anos, mas o estudo descobriu que a vacina está a ajudar a reduzir a disseminação do vírus entre os menores.
Os adolescentes com idades entre 12-17 que receberam uma única dose da vacina Pfizer apresentaram um risco 56% inferior de infeção em comparação com crianças não vacinadas, e menos 68% para infeções sintomáticas.
Hoje foi igualmente publicado um relatório do organismo que fiscaliza a despesa pública, o National Audit Office, no qual constata que o Governo britânico não estava preparado para o impacto da pandemia covid-19.
Os planos existentes contavam apenas com uma pandemia de gripe ou de doenças infecciosas como o ébola, e não com uma doença com as características da covid-19 que tem uma taxa de mortalidade mais baixa, mas que pode ser transmitida por pessoas sem sintomas.
O relatório entende que o Governo estava concentrado a preparar-se para o 'Brexit' (saída britânica da União Europeia) e não tinha planos de apoio aos trabalhadores (lay-off), de interrupção escolar ou de proteção de pessoas vulneráveis.
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