"A minha preocupação, neste momento, não é atirar achas para a fogueira", disse hoje à Lusa, sublinhando que, "agora, o que é urgente é que o bloqueio ao acesso às pessoas seja levantado para que não haja mais mortos".
De acordo com o responsável da OIM, pelo menos nove pessoas morreram na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia, onde milhares de migrantes e refugiados acampam, há algumas semanas, na esperança de entrar num país da União Europeia.
"A seu tempo haverá ocasião para julgar os atos que cada um praticou", disse, referindo-se às posições dos líderes da Polónia e da Bielorrússia face à crise migratória.
A ativista do Grupa Granica, que representa 14 organizações humanitárias da Polónia, Natalia Gebert, avançou na quarta-feira à Lusa que "o número confirmado de mortos é, neste momento, de 11", acrescentando que os refugiados que conseguem atravessar [para a Polónia] dizem que existem valas com cadáveres na floresta".
A Polónia, apoiada pela União Europeia, tem acusado o regime do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, pela situação que se está a viver na fronteira, afirmando que a Bielorrússia atraiu migrantes com vistos e promessas de facilitar a passagem da fronteira para a Polónia, e consequentemente, para a União Europeia, como forma de retaliação pelas sanções impostas desde a violenta repressão feita à oposição, em 2020.
Minsk, por seu lado, acusa Varsóvia de violações dos direitos humanos, ao recusar a entrada dos migrantes no seu território, e diz que irá responder a novas sanções, tendo ameaçado suspender o funcionamento do gasoduto Yamal-Europa, que atravessa a Bielorrússia para fornecer gás russo a vários países europeus, em particular à Alemanha e à Polónia.
"A subida da temperatura política a que assistimos nestas últimas semanas não ajuda a resolver o problema", avisa António Vitorino, lembrando que "a assistência humanitária é isenta" e "não tem a ver com nenhuma preferência de qualquer tipo de natureza política".
A ajuda humanitária que a OIM, em conjunto com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e a Cruz Vermelha, querem dar aos migrantes na fronteira "tem apenas um objetivo: salvar vidas humanas", concluiu.
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