"Com a morte de um rapaz de 16 anos no sábado e a morte de outro rapaz de 16 anos no domingo devido a ferimentos de bala, o balanço sobe para 41 mortos, incluindo cinco crianças. Também há relatos de um número mais elevado de menores feridos ou detidos nos últimos acontecimentos", alertou o diretor da Save The Children nos EUA, Janti Soeripto.
A organização apela "a todas as partes para parar a violência imediatamente e garantir que as crianças não serão prejudicadas".
"Apelamos às autoridades para que libertem todas as crianças imediatamente. A segurança das crianças deve ser uma prioridade e deve ser protegida em todas as circunstâncias", acrescentou Soeripto, citado num comunicado da organização.
Manifestando a preocupação da organização, o responsável disse que a Save the Children "sofre com as famílias dos cinco menores, assim como de outros que morreram ou ficaram feridos nos últimos dias ou semanas".
"Eram pessoas jovens com vidas cheias pela frente, que foram interrompidas", lamentou.
"Estamos alarmados com os efeitos físicos e psicológicos da violência recente nas crianças. Estes efeitos de longo prazo da crise não podem ser subestimados. Mais uma vez vemos crianças que lutam para lidar com a violência que testemunham, a perda de amigos e do seu sentido de segurança. Quanto mais esta violência durar, maiores os riscos de as crianças serem feridas, mortas ou traumatizadas", alertou.
Em 25 de outubro, o chefe do exército sudanês, general Abdel Fattah al-Burhan, mandou prender quase todos os civis no poder, pôs fim à união formada por civis e militares e declarou o estado de emergência.
Abdallah Hamdok, que liderava o governo de transição, foi colocado sob prisão domiciliária.
Desde o golpe, os protestos contra o exército e o apelo ao regresso do governo civil têm decorrido sobretudo em Cartum.
Pelo menos 40 civis foram mortos e centenas ficaram feridos na repressão pelas forças de segurança dos protestos, de acordo com números de uma comissão de médicos.
A comunidade internacional denunciou a repressão e apelou para um regresso do Governo civil.
No sábado, centenas de manifestantes marcharam em Cartum Norte, um subúrbio da capital, erguendo barricadas nas ruas e incendiando pneus. "Não ao domínio militar", gritavam.
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