"A ideia de que pode haver um corredor humanitário para dois mil migrantes" não é "uma solução aceitável para a Alemanha ou para a União Europeia (UE)", afirmou o porta-voz do executivo alemão em exercício, Steffen Seibert, em conferência de imprensa realizada hoje em Berlim.
Uma representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão confirmou, por sua vez, que os contactos diplomáticos com o regime bielorrusso continuam, através da embaixada da Alemanha em Minsk, mas negou que um possível acolhimento de migrantes e refugiados seja um dos temas em discussão.
A prioridade para o ministério é "evitar a instrumentalização de refugiados por Lukashenko", explicou a porta-voz Andrea Sasse, citada pelas agências internacionais.
A representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão considerou "desumano" o comportamento das autoridades de Minsk e acusou a Bielorrússia de "instrumentalizar os migrantes para provocações", defendendo que a situação "tem de acabar".
Lukashenko pediu hoje à Alemanha que acolha cerca de dois mil migrantes retidos na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia e acusou a UE de não facilitar uma solução para a crise migratória.
Na quinta-feira passada, a porta-voz da presidência bielorrussa, Natalia Eïsmont, afirmou que Minsk iria trabalhar para repatriar cinco mil dos sete mil migrantes presentes na linha de fronteira e adiantou que a chanceler alemã cessante, Angela Merkel, tinha concordado negociar com a UE a criação de um "corredor humanitário" para levar os restantes dois mil migrantes para a Alemanha.
A guarda fronteiriça polaca afirmou hoje que, nas últimas 24 horas, foram registadas 346 novas tentativas de cruzar ilegalmente a fronteira a partir da Bielorrússia e que foram emitidas ordens de expulsão de 58 cidadãos estrangeiros.
A Europa acusa a Bielorrússia de criar artificialmente a crise migratória em curso, ao atrair com vistos de turismo milhares de migrantes -- oriundos principalmente do Médio Oriente - e de levá-los para a fronteira, prometendo-lhes uma entrada fácil na Polónia, na Lituânia ou na Letónia, ou seja, no espaço da UE, como retaliação pelas sanções impostas ao regime de Lukashenko.
A Bielorrússia rejeita a acusação e acusa por seu turno a Polónia e a UE de violação dos direitos humanos por não acolherem os migrantes.
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