"Forte solidariedade com a Polónia e outros aliados envolvidos", indicou Stoltenberg em conferência de imprensa conjunta com o Presidente polaco, Andrej Duda, após a reunião que mantiveram no quartel-general da Aliança, em Bruxelas.
A reunião centrou-se na situação na fronteira da Polónia com a Bielorrússia -- onde o regime de Alexander Lukashenko é acusado de estimular migrantes a atravessarem a linha de separação de forma irregular --, e na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, onde a NATO diz ter detetado "uma pouco habitual concentração de tropas, combinadas com uma retórica agressiva e de desinformação de Moscovo", sublinhou Stoltenberg.
Perante estas ameaças, Duda propôs a Stoltenberg "o reforço da disposição das forças da NATO nessa parte da Europa, no flanco leste, considerar um aumento da presença militar" e "reforçar o patrulhamento aéreo" nessa zona.
Duda assegurou que a intensidade do "ataque híbrido" lançado pela Bielorrússia, acusada de instrumentalizar os migrantes, é agora "mais perigosa", pois as pessoas que tentam cruzar a fronteira chegam agora em "pequenos grupos" durante a noite, e "armados".
"Têm instrumentos perigosos como facas, barras de ferro ou gases lacrimogéneos", sublinhou Duda, ao denunciar que os migrantes foram "militarizados" pelas forças bielorrussas.
"De outra forma, como poderiam possuir gás?", interrogou-se perante um ataque que considerou "híbrido" mas "de natureza civil". A Polónia tem impedido a presença nas zonas da fronteira a jornalistas e organizações de direitos humanos e de apoio humanitário.
No entanto, o chefe de Estado polaco, proveniente do partido conservador e nacionalista no poder em Varsóvia, admitiu que não pode ser invocado o artigo 4º do Tratado do Atlântico Norte que prevê consultas entre os aliados face a uma ameaça.
"De momento, não existem bases para o invocar", disse.
Stoltenberg confirmou a disponibilidade da NATO em fornecer apoio "caso seja solicitado, mas de momento é algo que a Polónia tem sido capaz de enfrentar sem uma presença direta da NATO, e outros aliados também forneceram apoio bilateral", considerou o político norueguês.
Após considerar que a Rússia deveria exercer a sua influência sobre Lukashenko para pôr termo à situação na fronteira, o secretário-geral aliado referiu-se à situação na fronteira ucraniana e voltou a incentivar Moscovo para que "seja transparente, reduza as tensões e diminua a escalada".
"A NATO permanece alerta e continua a fornecer à Ucrânia apoio político e prático. Isto não constitui uma ameaça à Rússia, e ajuda a Ucrânia a defender-se da agressão", referiu.
Na sequência da anexação da Península da Crimeia e da cidade portuária de Sebastopol pela Rússia em 2014, a NATO promoveu o maior reforço do seu flanco leste desde o final da Guerra fria, e que implicou o envio de quatro batalhões multinacionais para os países bálticos (Estónia, Letónia, Lituânia) e Polónia, uma presença que Stoltenberg considera possuir forte poder de dissuasão.
"Necessitamos ser firmes, dissuasão e defesa, mas em simultâneo acreditamos no diálogo com a Rússia, dialogar para reduzir tensões, manter abertos os canais de comunicação", apontou.
Os chefes da diplomacia da NATO vão abordar nas próximas terça-feira e quarta-feira, numa reunião em Riga e na presença com estatuto de convidados dos seus homólogos ucraniano e georgiano, diversos assuntos relacionados com a segurança, para além da crise na fronteira com a Bielorrússia e o reforço militar russo junto à fronteira ucraniana.
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