"Não deixe que a pandemia nos divida de forma duradoura", pediu Steinmeier ao sucessor de Angela Merkel e aos seus ministros, num contexto de mobilização contra a obrigação da vacina, que deve entrar em vigor em fevereiro ou março de 2022.
O Presidente alemão, autoridade moral na Alemanha, recebeu Scholz hoje logo após ter sido formalmente eleito como novo chanceler, bem como a nova equipa ministerial.
"Sei que vocês, no novo governo federal, levam a sério a grande responsabilidade que agora pesa sobre os vossos ombros [na luta contra a covid-19]. Nesta situação de emergência, é fundamental não ouvir os mais ruidosos, mas garantir que as garras da pandemia não nos afetem por mais um ano e que a vida pública possa voltar a ser um dado adquirido", declarou Steinmeier.
Para o chefe de Estado alemão, a Alemanha deve agora "unir-se" para ultrapassar a quarta onda da pandemia e evitar uma eventual quinta.
"É precisamente nesta situação tensa que os bons argumentos devem falar, não o desprezo, não a raiva e ainda menos o ódio", frisou Steinmeier.
Nas últimas semanas foram organizadas várias manifestações contra a obrigação da vacinação, algumas delas sem autorização da polícia, lideradas nalguns casos pela extrema-direita.
Na sexta-feira passada, várias dezenas de opositores às restrições e de negacionistas reuniram-se em frente à casa de uma autoridade regional com tochas e apitos, provocando indignação na classe política.
Na Alemanha, a incidência acumulada a sete dias voltou hoje a cair, após registar máximos dia após dia em novembro, enquanto o número de mortos, num total de 527, subiu para os níveis de fevereiro.
A incidência é de 427 novas infeções por 100 mil habitantes em sete dias, contra 432,2 na terça-feira, 442,9 na semana anterior e 201,1 no mês anterior, segundo os últimos dados do Instituto Robert Koch (RKI) de virologia alemão.
Porém, o instituto tinha alertado que essa desaceleração, pelo menos em número, poderia refletir, mais do que uma mudança na dinâmica da transmissão, a saturação crescente da saúde pública e dos laboratórios e a consequente dificuldade em notificar imediatamente novas infeções.
Em todo o mundo, a covid-19 provocou pelo menos 5.261.473 mortes, entre mais de 265,80 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em cerca de 30 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
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