As sanções, aplicadas ao abrigo da 'Lei Magnitsky', que visa combater a corrupção e as violações dos direitos humanos, foram anunciadas no Dia Internacional dos Direitos Humanos pelo Departamento do Tesouro norte-americano, que também sancionou um estúdio de animação norte-coreano.
"Mais de um milhão de uigures e membros de outras minorias étnicas predominantemente muçulmanas foram detidos em Xinjiang" com base em decisões de Erken Tuniyaz, atual presidente desta região autónoma, e do seu antecessor, Shohrat Zakir, lê-se no documento do Tesouro.
O departamento governamental norte-americano sancionou também a empresa SenseTime, especializada no reconhecimento facial e acusada de apoiar a vigilância policial em Xinjiang.
Os dois responsáveis chineses e a empresa, que desenvolve aplicações informáticas de reconhecimento facial e de imagem usados em particular para monitorização de multidões e verificação de identidade, foram visadas devido a alegadas violações dos direitos humanos.
A SenseTime já tinha sido colocada na "lista negra" norte-americana em 2019.
Há muito atingida por ataques terroristas, a vasta região de Xinjiang vem sendo há vários anos alvo da repressão de Pequim.
Mais de um milhão de uigures foram presos em centros de reeducação política, segundo associações de direitos humanos. Pequim contesta os números e fala em centros de treino vocacional destinados a manter os internados longe da radicalização.
Também alvo de sanções americanas, os estúdios de animação norte-coreanos SEK têm reputação internacional por terem contribuído sobretudo para sucessos globais de filmes como "O Rei Leão" ou "Pocahontas".
Segundo o Tesouro norte-americano, a SEK "usou uma variedade de empresas de fachada para escapar às sanções contra o governo norte-coreano e enganar as instituições financeiras internacionais".
As sanções, as primeiras contra Pyongyang desde que Joe Biden assumiu o cargo, também visam o ministro da Defesa norte-coreano, Ri Yong Gil, e o Ministério Público, acusado de fazer parte de um "processo judicial envolvendo julgamentos fundamentalmente injustos".
A universidade russa European Institute Justo e o respetivo diretor são sancionados em conexão com a Coreia do Norte, por terem patrocinado "centenas de vistos de estudante" para trabalhadores norte-coreanos empregados na Rússia.
Para o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, esses trabalhadores geram "receita em moeda estrangeira" usada pelo regime norte-coreano "para apoiar as suas armas ilegais de destruição em massa e programas de mísseis balísticos".
Na Birmânia, quatro líderes regionais e três organizações ligadas ao Ministério da Defesa são punidos por estarem "associados aos ataques do regime militar à democracia e à sua repressão brutal".
A 01 de fevereiro, o exército birmanês derrubou a chefe do Governo civil de Aung San Suu Kyi, encerrando abruptamente um período democrático de 10 anos.
As sanções dos Estados Unidos visam também o Batalhão de Ação Rápida do Exército de Bangladesh, acusado de "graves violações dos direitos humanos" na guerra do governo contra o tráfico de drogas.
No total, 15 pessoas e 10 entidades foram sancionadas pelas ligações às violações de direitos humanos e atos de repressão em todo o mundo.
Hoje, em conjunto com os Estados Unidos e Canadá, também o Reino Unido anunciou novas sanções contra a junta militar no poder em Myanmar devido à repressão contra a população e a violações dos direitos humanos.
O novo pacote de sanções inclui proibição de viagens e congelamento de bens a organismos oficiais para limitar o acesso a armas, equipamentos e financiamento, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.
O Governo britânico também anunciou sanções contra Furqan Bangalzai, ex-comandante da organização terrorista Lashkar-e-Jhangvi, que ajudou a organizar o ataque bombista ao santuário Lal Shahbaz Qalandar, no Paquistão, em 2017, no qual morreram 70 muçulmanos sufis.
Bangalzai fica assim impedido de viajar para o Reino Unido, transferir dinheiro através de bancos britânicos ou ter interesses económicos no país.
O anúncio coincide com o Dia Internacional dos Direitos Humanos e pretende demonstrar que o Reino Unido está disposto a trabalhar com "democracias e parceiros, como uma rede de liberdade, para pedir contas àqueles que negam essas liberdades fundamentais", afirmou o secretário de Estado britânico para a Ásia, Tariq Ahmad.
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