Normalmente, por esta altura, era comum a comunidade portuguesa que reside em Macau regressar a Portugal por ocasião do Natal para passar as férias com as suas famílias.
Contudo, pelo segundo Natal consecutivo, milhares de portugueses não o poderão fazer: Macau, que tem seguido a política de zero casos de covid-19, impõe quarentenas de regresso que podem chegar a 35 dias dentro de um quarto de hotel e não permite sequer a entrada a quem teve covid-19 nos últimos dois meses.
"Peru, leitão, cabrito e uns bolinhos: rabanadas, bolo de cenoura com frutos secos e o nosso pão de ló habitual", é a receita que o restaurante Mariazinha vai levar a mais de 50 famílias portuguesas no dia 24 de dezembro, contou à Lusa Nelson Rocha, o responsável do estabelecimento da península de Macau, a poucos metros das famosas Ruínas de São Paulo e do Largo do Senado.
"Preparamos o take away para as famílias em Macau, muita gente opta por ficar em Macau especialmente e este ano que não há hipótese de sair com facilidade e nós fazemos sempre bastante comida para o dia 24 para as pessoas levarem para casa e fazerem o seu jantar de Natal em casa", explicou, esperando que isso seja uma ajuda para a comunidade 'mate' um bocadinho as saudades de Portugal.
Já no icónico O Santos, o restaurante situado há 32 anos no coração da ilha da Taipa, a promessa, para além das encomendadas para fora, é estar de portas e braços abertos para acolher a comunidade na véspera de Natal.
"Este Natal é um Natal muito diferente para mim e para quase toda a nossa comunidade que vivemos aqui nesta teia de proteção por causa da covid-19, já o ano passado assim foi e este ano também", admitiu o senhor Santos, prometendo "estar de braços abertos à espera de todos e desejar a todos um feliz Natal"
"E quando entrarem aqui já sabem que têm aquele abraço apertadinho (...) se quiserem vir aqui jantar na noite de Natal estarei aqui à vossa espera de braços abertos", frisou o senhor Santos, uma das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa residente no antigo território administrado por Portugal.
O alentejano de Montemor-o-Novo admitiu que estes dois últimos anos não têm sido de todo fáceis para a comunidade e que tenta ajudar o mais que pode, na medida do possível: "todos os natais eu estou aqui e então estes dois mais que nunca agarrado à nossa comunidade, à malta de Macau portuguesa e há malta que não pode sair daqui. Ou melhor, pode sair, mas para voltar vai ter de cumprir aquelas regras", afirmou.
O poder de compra e o próprio número de portugueses no território tem criado dificuldades aos restaurantes portugueses no território, admitiram os dois responsáveis.
Nelson Rocha sente que as pessoas estão a fazer reservas menores para este ano, fruto "da componente financeira, as pessoas também estão um bocado preocupadas e eu acho que as pessoas não gastam tanto".
Já o senhor Santos nota que cada vez tem vistos mais portugueses a irem despedir-se ao seu restaurante.
"A nossa comunidade cada vez é menos, cada vez há menos trabalho", sublinhou.
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