Escondidos na selva do estado Karen (ou Kayin), em Myanmar, um grupo de pessoas treina para enfrentar os militares que tomaram o país, a 1 de fevereiro.
Entre os ‘rebeldes’ está um instrutor de fitness, ao qual se juntaram civis que deixaram os empregos para trás, estando, agora, a treinar com guerrilhas armadas na fronteira com a Tailândia.
A Reuters teve acesso ao seu acampamento, revelando que muitos decidiram aliar-se à causa devido à violência dos militares perante as manifestações contra a tomada do poder.
“Empunhar as armas é nossa única opção”, disse à agência de notícias o antigo instrutor de fitness.
Nas suas costas é possível ler-se ‘Liberdade para liderar’, e ver-se o rosto de Aung San Suu Kyi, líder birmanesa deposta no golpe de estado de 1 de fevereiro.
Recorde-se que Suu Kyi, de 76 anos, enfrenta a acusação de violação da lei de telecomunicações, podendo incorrer numa pena de prisão de um ano, e da lei de exportação e importação, crime passível de uma pena de prisão de até três anos. A ex-líder está ainda indiciada por crimes como violação da lei de segredos oficiais e várias acusações de corrupção, puníveis com uma pena até 15 anos de prisão. A sua sentença foi hoje adiada para 27 de dezembro, segundo a agência espanhola EFE.
Os civis estão a ser treinados pela União Nacional Karen (UNK), um dos maiores grupos armados no país, que expressaram solidariedade para com os manifestantes e os deixaram encontrar refúgio nos seus territórios.
Outros grupos semelhantes já deram a cara em outras partes do país, acolhendo o nome ‘People’s Defense Forces’ (em português, ‘Forças de Defesa do Povo’).
Ainda que a Reuters não o tenha conseguido confirmar, um dos líderes afirmou que estavam mais de 100 jovens no seu grupo a treinar para a luta, sendo que membros novos entram regularmente.
O antigo treinador revelou ainda temer um combate com os militares, mas frisou que é a única hipótese.
“Quero ficar orgulhoso da minha morte a proteger a minha comunidade”, salientou.
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