Estes dois naufrágios foram os acidentes mais recentes ocorridos no Mar Mediterrâneo, envolvendo migrantes que tentam fazer a travessia e alcançar as costas europeias.
Segundo a porta-voz da OIM, Safa Msehli, pelo menos 102 migrantes morreram na sexta-feira, após o barco de madeira em que viajavam se ter virado, ao largo da costa líbia.
Outras oito pessoas foram resgatadas e levadas para terra.
O segundo naufrágio aconteceu no sábado, tendo a guarda costeira da Líbia recuperado pelo menos 62 corpos de migrantes.
A representante acrescentou que, nesse mesmo dia, foi intercetada uma terceira embarcação com pelo menos 210 migrantes a bordo.
Estas vítimas aumentaram o número de mortos contabilizado na rota do Mediterrâneo Central (uma das mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção aos territórios de Itália e de Malta) para cerca de 1.500 pessoas só este ano, segundo Safa Msehli.
Nos últimos meses, registou-se um aumento súbito de travessias e de tentativas (muitas delas frustradas) a partir da Líbia para a Europa, à medida que as autoridades daquele país aumentaram a repressão contra os migrantes, nomeadamente na capital Tripoli.
Cerca de 31.500 migrantes foram intercetados e voltaram para a Líbia em 2021, o que significa um crescimento de 164% em relação aos 11.900 migrantes do ano anterior, de acordo com a OIM.
Além disso, cerca de 980 migrantes foram mortos ou presumivelmente mortos em 2020, avançou ainda a agência do sistema da ONU.
A Líbia emergiu como um ponto de passagem dominante para os migrantes que fogem da guerra e da pobreza em África e no Médio Oriente.
O país, rico em petróleo, mergulhou num caos securitário após a queda do regime do ditador Muammar Kadhafi, em 2011.
Redes organizadas têm aproveitado o caos instalado no país para traficar migrantes, colocando, muitas vezes, estas pessoas em risco de vida.
Os migrantes intercetados são levados de volta para a Líbia, que não é considerado um porto seguro, e colocados em centros de detenção sobrelotados, onde estão expostos, segundo denúncias de organizações internacionais, a abusos, trabalhos forçados, espancamentos, violações ou tortura.
Investigadores da ONU defenderam, em outubro, que os abusos e os maus-tratos infligidos aos migrantes na Líbia devem ser considerados como crimes contra a Humanidade.
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