Libertados estudantes que foram presos por brincarem com o Boko Haram
Três estudantes, presos em 2016 por partilharem uma mensagem de texto sarcástica referente ao grupo jihadista nigeriano Boko Haram, foram libertados, anunciou hoje a Amnistia Internacional (AI).
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Mundo Camarões
Fomusoh Ivo Feh, Afuh Nivelle Nfor e Azah Levis Gob, condenados a 10 anos de prisão em 2 de novembro de 2016 por um tribunal militar por "não terem comunicado informações relacionadas com o terrorismo", foram libertados no passado fim-de-semana, anunciou a AI num comunicado enviado à agência Efe.
A libertação ocorre depois de o Supremo Tribunal dos Camarões ter decidido no dia passado 16 reduzir a pena atribuída aos três estudantes de dez para cinco anos de prisão, entretanto decorridos.
"A libertação de Fomusoh Ivo Feh, Afuh Nivelle Nfor e Azah Levis Gob, três jovens que foram punidos sem sentido por simplesmente partilharem uma piada nos telemóveis, é um grande alívio", afirmou a diretora da AI para a África Ocidental e Central, Samira Daoud, citada pela Efe.
"Estes três estudantes estavam meramente a exercer o seu direito à liberdade de expressão e nunca deveriam ter sido presos. As autoridades camaronesas devem proteger os direitos humanos e assegurar que todos possam falar livremente, sem medo de represálias", acrescentou.
Em dezembro de 2014, Feh recebeu uma mensagem de texto de um amigo dizendo: "Boko Haram recruta jovens com 14 anos ou mais. Condições de recrutamento: 4 matérias na GCE (certificado geral de educação, na sigla em francês), incluindo religião".
A mensagem foi concebida como um comentário sobre a dificuldade de encontrar um bom emprego sem ser altamente qualificado, brincando o amigo com a circunstância de que nem Boko Haram o recrutaria sem bons resultados nos exames.
Feh enviou a mensagem a Nfor, que a encaminhou para Gob. Um dos professores viu o texto, depois de confiscar um dos telefones, e mostrou-o à polícia.
Ivo e os seus amigos foram presos e transferidos para uma prisão em Yaoundé em 14 de janeiro de 2015, e depois foram condenados a dez anos de prisão em 2016.
O grupo armado 'jihadista' Boko Haram luta desde 2009 para impor um estado islâmico na Nigéria - um país predominantemente muçulmano no norte e de maioria cristã no sul -- mas expandiu a sua atuação a toda a região do Lago Chade - que inclui territórios no Níger, Chade e norte dos Camarões.
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