"Alguns [insurgentes] estão a fugir [de Cabo Delgado] para Niassa por muitas razões, uma delas é a comida. Eles estão com problemas sérios de alimentação. Mas garanto que eles vão ter a resposta que merecem", disse à comunicação social estatal Filipe Nyusi, a partir de Moeda, no âmbito de uma visita que realiza à província de Cabo Delgado.
Os sinais de alastramento da insurgência para a província do Niassa, vizinha de Cabo Delgado (norte de Moçambique), começaram neste mês, com ataques esporádicos a pontos recônditos que provocaram a fuga de cerca de 3.000 pessoas e a morte de, pelo menos, outras cinco.
Para o chefe de Estado moçambicano, o alastramento do conflito para a nova província mostra o desespero dos rebeldes, que têm estado a registar várias baixas, incluindo entre os líderes dos grupos insurgentes.
"Na semana passada, por exemplo, durante uma emboscada das nossas forças, foi abatido um [líder] deles e outros vão ficar. Eles estão a ser corridos daqui [de Cabo Delgado]", frisou o chefe de Estado moçambicano.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas tem sido aterrorizada desde outubro de 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.
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