Os talibãs tomaram Cabul em agosto, no culminar de uma insurreição de 20 anos contra o governo afegão, enfraquecido pela quebra do apoio dos Estados Unidos e de uma coligação internacional liderada pela NATO.
As novas autoridades afegãs prometeram um regime menos rigoroso do que o que os talibãs protagonizaram entre 1996 e 2001 e criaram uma comissão para identificar e expulsar elementos que infringiram as suas regras.
Estes membros "deram um mau nome ao Emirado Islâmico", disse em declarações à France Presse Latifullah Hakimi, chefe da comissão constituída no âmbito do Ministério da Defesa.
"Foram excluídos neste processo de rastreio, para que possamos construir um exército e uma polícia limpos no futuro", acrescentou.
Organizações de direitos humanos acusaram os combatentes talibãs de executarem antigos membros das forças de segurança afegãs, apesar de uma amnistia proclamada pelo líder supremo do movimento, Hibatullah Akhundzada.
Até agora, cerca de 2.840 membros foram expulsos das fileiras em 14 das 34 províncias do país, e o processo continuará nas restantes províncias, revelou Hakimi.
"Estavam envolvidos em corrupção, drogas e ingerência na vida privada das pessoas. Alguns deles tinham ligações ao Daesh", o acrónimo árabe para o grupo Estado Islâmico (EI), disse ainda a mesma fonte.
O ramo afegão do EI (EI-K), um rival dos talibãs, é agora a principal ameaça à segurança no país.
Os talibãs fizeram do regresso da segurança a sua prioridade após décadas de guerra e o EI-K tem levado a cabo ataques em Cabul e em outras cidades, visando oficiais do movimento, membros das forças de segurança e civis.
Desde que tomaram o poder, os talibãs restringiram severamente as liberdades individuais dos afegãos, particularmente das mulheres.
As funcionárias públicas femininas foram em grande parte impedidas de regressar ao trabalho e muitas escolas secundárias já não aceitam raparigas.
As mulheres também estão proibidas de viajar longas distâncias sem serem acompanhadas por um parente masculino.
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