A investigação surge após esta escola, do Estado do Utah, ter anunciado que mantinha a proibição de namoro entre pessoas do mesmo sexo, mesmo depois dessa norma ter sido removida da versão escrita do código de honra, noticiou o jornal Salt Lake Tribune.
Os alunos podem ser castigados por darem as mãos ou beijarem alguém do mesmo sexo, medida mais dura do que a aplicada a casais heterossexuais na escola gerida pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A Brigham Young University (BYU) removeu a proibição por escrito de "comportamento homossexual" no início de 2020, o que levou alunos a assumirem-se publicamente como membros da comunidade LGBTQ.
No entanto, a escola esclareceu, semanas depois, que o namoro entre pessoas do mesmo sexo ainda é proibido, mesmo que não esteja expressamente escrito no código de honra, que proíbe também o consumo de álcool, uso de barba ou piercings.
Os estudantes protestaram contra a aparente reversão, referindo que se sentiram atraiçoados depois de terem assumido pertencer à comunidade LGBTQ.
A investigação do Gabinete de Direitos Civis do Departamento de Educação começou no final de 2021, evocando a emenda 'Title IX', que proíbe a discriminação com base no género nas escolas.
Uma porta-voz da escola confirmou que está a decorrer a investigação, mas salientou, em comunicado, que a BYU tem o direito a aplicar as políticas da igreja contra relações entre pessoas do mesmo sexo, não esperando qualquer ação adicional.
"A BYU está isenta da aplicação das regras da 'Title IX' que entram em conflito com os princípios religiosos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias", referiu Carri Jenkins na nota de imprensa citada pela agência AP.
Um porta-voz do Departamento de Educação confirmou a abertura de uma investigação em outubro, mas recusou-se a prestar mais comentários.
Investigações federais são raras em escolas que são propriedade da igreja e normalmente decorrem apenas em locais onde há suspeitas de problemas sistémicos ou graves, explicou Michael Austin, licenciado na BYU e vice-presidente da Universidade de Evansville, uma escola metodista privada, no Estado do Indiana.
"É significativo que os investigadores estejam a intervir", destacou em declarações ao Salt Lake Tribune.
O presidente da escola argumentou que todos os que frequentam ou trabalham na BYU concordaram em seguir o código de honra e "voluntariamente se comprometeram a conduzir as suas vidas de acordo com os princípios do evangelho de Jesus Cristo'", segundo uma carta de Kevin Worthen, enviada ao Departamento de Educação em novembro de 2021.
Ainda segundo o Salt Lake Tribune, o Departamento de Educação explicou que esta escola tem algumas isenções religiosas, mas que a investigação procura perceber se a queixa recebida se enquadra nessas isenções.
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