Em Oslo, os talibãs, no poder no Afeganistão desde agosto passado, deverão encontrar-se com representantes das autoridades norueguesas e de outros países, mas também com representantes da sociedade civil afegã, segundo indicou um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros norueguês.
"Nós estamos extremamente preocupados com a grave situação humanitária no Afeganistão, onde milhões de pessoas estão a enfrentar um desastre humanitário de grande amplitude", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros norueguesa, Anniken Huitfeldt, citada no comunicado.
"Para poder ajudar a população civil no Afeganistão, é essencial que tanto a comunidade internacional como os afegãos de diferentes partes da sociedade se comprometam num diálogo com os talibãs", acrescentou Anniken Huitfeldt.
Enfatizando que a Noruega será "clara" sobre as suas expectativas, particularmente no que diz respeito à educação das raparigas e aos direitos humanos, a ministra norueguesa especificou que as reuniões planeadas "não constituem uma legitimação ou reconhecimento dos talibãs".
"Entretanto, temos de falar com as autoridades que estão de facto a administrar o país. Não podemos deixar que a situação política leve a um desastre humanitário ainda maior", afirmou Anniken Huitfeldt.
A situação humanitária no Afeganistão sofreu uma reviravolta dramática desde meados de agosto de 2021, quando os talibãs regressaram ao poder no país.
A ajuda internacional ao país foi suspensa e os Estados Unidos também congelaram 9,5 mil milhões de dólares (8,37 mil milhões de euros) em ativos do Banco Central Afegão.
A fome agora ameaça 23 milhões de afegãos, ou 55% da população, segundo a ONU, que precisa de 4.400 milhões de dólares (cerca de 3.880 milhões de euros) dos países doadores só este ano para enfrentar a crise humanitária no país.
O regime talibã afegão acusou esta semana a comunidade internacional de conduzir o Afeganistão a uma das piores crises económicas e humanitárias da sua história e apelou aos países muçulmanos para reconhecerem o poder em Cabul.
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