O escritório de advocacia Westpfahl Spilker Wastl (WSW), responsável pelo relatório, divulgado na quinta-feira e encomendado pela Igreja Católica, "disponibilizou" ao Ministério Público em agosto de 2021 elementos de processos que sustentam uma alegada culpa de 41 funcionários eclesiásticos, disse à France-Presse (AFP) uma porta-voz da procuradoria, Anne Leiding.
Um outro caso foi-lhe apresentado em novembro.
"Estes casos fazem parte do relatório, dizem respeito exclusivamente aos clérigos ainda vivos e foram transferidos (para o Ministério Público) sob estrito anonimato" das pessoas em questão, afirmou a mesma fonte.
Se, após estudo, o Ministério Público considerar que estes casos se enquadram no direito penal, então vai pedir à sociedade de advogados elementos adicionais, explicou a porta-voz, acrescentando que a análise ainda está em curso.
Os autores do relatório denunciaram um encobrimento sistemático e "assustador" de casos de abuso de menores entre 1945 e 2019 na arquidiocese de Munique e Freising, e acusaram os responsáveis daquele arcebispado, incluindo o pontífice emérito, de nada terem feito para prevenir ou parar os abusos de menores.
O então cardeal Joseph Ratzinger, antes de se tornar Papa, que rejeita as responsabilidades, é acusado de não ter tomado medidas contra quatro clérigos suspeitos de violência sexual contra menores nesta arquidiocese que liderou entre 1977 e 1982.
Várias associações pediram hoje a intervenção do Estado Federal alemão, algumas até exigindo a criação de uma comissão de inquérito no Bundestag (parlamento federal da Alemanha).
O Papa Francisco reiterou hoje que a Igreja continua firme no seu compromisso de fazer justiça às vítimas, depois de o Vaticano ter reafirmado na quinta-feira, logo após a divulgação do relatório, o seu "sentimento de vergonha e remorso".
"Na luta contra os abusos de todo o tipo, a Igreja continua firme no compromisso de fazer justiça às vítimas de abusos cometidos pelos seus membros, aplicando com particular atenção e rigor a legislação canónica prevista", disse hoje o sumo pontífice.
O Papa Francisco lembrou que, por essa razão, as normas sobre crimes reservados à Congregação para a Doutrina da Fé foram recentemente atualizadas "com o desejo de tornar a ação judicial mais eficaz".
"Isto por si só não pode ser suficiente para parar os casos, mas é um passo necessário para restaurar a justiça, reparar o escândalo, reparar o crime", acrescentou.
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