No encontro, segundo imagens divulgadas pela televisão estatal venezuelana, participaram também a "primeira combatente" e mulher de Nicolás Maduro, Cília Flores, e o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Jorge Rodríguez.
"Recebemos hoje, na República Bolivariana da Venezuela, o enviado especial do Presidente Donald Trump, Richard Grenell, com a intenção de propor uma Agenda Zero baseada no respeito pela soberania e autodeterminação", publicou o presidente da AN numa mensagem na sua conta do Instagram.
Na mesma plataforma, Jorge Rodríguez, explica que "a posição da Venezuela será sempre de diálogo aberto, com estrito respeito pelos direitos dos povos" e pela Constituição venezuelana.
A agenda zero, segundo a televisão estatal venezuelana, "tem o propósito de afinar detalhes, rever o que precisa de ser revisto nas relações" entre ambos países, "e tudo o que ali for proposto deve ser consensual e não imposto".
Segundo o responsável para a América Latina no Departamento de Estado norte-americano, Mauricio Claver-Carone, o objetivo da deslocação de Grenell é conseguir que a Venezuela, que não tem relações diplomáticas com os Estados Unidos, aceite voos de deportação de imigrantes sem documentos e garantir a libertação de cidadãos norte-americanos detidos nas prisões venezuelanas.
O responsável acrescentou que a missão de Grenell na Venezuela é "muito específica" e centra-se exclusivamente nessas duas questões.
"Esta missão especial é muito específica. Os Estados Unidos e o Presidente (Donald) Trump esperam que Nicolás Maduro receba de volta todos os criminosos e membros de gangues venezuelanos que foram enviados para os Estados Unidos e que o faça sem condições. Esta é uma questão não negociável", afirmou.
O segundo ponto relaciona-se com "reféns norte-americanos detidos na Venezuela que devem ser libertados imediatamente", acrescentou o representante.
O encontro entre Nicolás Maduro e Richard Grenell tem lugar um dia depois de o Presidente da Venezuela anunciar através da televisão estatal, que o seu Governo "está a fazer as gestões" para que os EUA entreguem o ex-presidente do parlamento venezuelano Juan Guaidó, que em 2019 jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder.
Washington enfrenta dificuldades na deportação de venezuelanos há vários anos devido à deterioração das relações bilaterais e especialmente após o colapso diplomático de 2019 durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), quando os EUA reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Desde então, os voos de deportação têm sido raros. Durante a administração de Joe Biden (2021-2025) foram brevemente retomados em outubro de 2022, mas foram novamente suspensos quatro meses depois.
Em novembro passado, e no seguimento das eleições presidenciais venezuelanas de 28 de julho, fortemente contestadas pela oposição e pela comunidade internacional, os Estados Unidos ainda liderados por Biden reconheceram o opositor Edmundo González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela.
A informação inicial sobre a reunião com Maduro foi avançada pela estação televisiva norte-americana CNN.
Quanto aos norte-americanos detidos, a administração Trump não divulgou pormenores sobre as suas identidades, tendo, porém, a organização não-governamental 'Independent Venezuelan American Citizens (IVAC)', com sede em Miami, identificado oito cidadãos norte-americanos presos na Venezuela, a maioria deles desde 2024.
Trata-se de Gregory David Werber, David Guttenberg Guillarme, Aaron Barrett Logan, Jonathan Pagán González, Wilbert Joseph Castaño, David Estrella, José Marcelo Vargas e Lucas Hunter, este último de nacionalidade franco-americana.
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