Um cirurgião francês enfrenta um processo judicial por tentar vender, como NFT, o raio-X de uma jovem ferida no ataque ao Bataclan, a sala de espetáculos alvo dos terroristas nos atentados de 13 de novembro de 2015 na capital francesa de Paris, onde cerca de 90 pessoas morreram.
A história foi revelada no sábado, dia 22, pelo jornal francês de investigação Mediapart. Segundo a publicação, o preço do NFT - ‘token não fungível’ que pode ser negociado e transacionado pela blockchain - rondava os 2.447 euros.
Ao jornal, o médico, Emmanuel Masmejean, reconheceu que cometeu “um erro” e lamentou ter divulgado a imagem - onde se vê um antebraço com uma bala - sem autorização da vítima.
O “anúncio”, que esteve disponível até ontem na plataforma OpenSea, revela que o raio-X pertence a uma jovem que “perdeu o namorado no ataque e tinha uma fratura exposta no antebraço esquerdo, com uma bala de Kalachnikov encravada nos tecidos cutâneos”.
A surgeon in Paris selling his X-ray radio from her patient who lost her boyfriend in the Bataclan terrorist attack. People are shameless.https://t.co/LVMpFRx2In pic.twitter.com/z78FsVpfOl
— Julien Bouteloup - bneiluj.eth (@bneiluj) January 23, 2022
No Twitter, Martin Hirsch, diretor-geral da APHP, rede de saúde que reúne os hospitais públicos de Paris, anunciou que a entidade irá processar o cirurgião ortopédico. Já numa mensagem enviada aos funcionários partilhada na mesma rede social, o responsável condena “o ato escandaloso cometido por cirurgião, professor universitário e médico no hospital de Georges Pompidou”.
Pour qu’il n’y ait aucune ambiguïté sur notre indignation, je partage exceptionnellement le message que j’ai adressé ce soir à l’ensemble de l’@APHP pic.twitter.com/VLbfICPuhc
— Martin Hirsch (@MartinHirsch) January 22, 2022
De salientar que 130 pessoas morreram nos ataques terroristas em Paris entre os dias 13 e 15 de novembro. Do total, 87 morreram na sala de espetáculos Bataclan, onde três terroristas armados entraram aos tiros durante um concerto.
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