"Dizem isto [não ter a intenção de invadir] abertamente, em diferentes meios de comunicação social, por diferentes funcionários", disse Zelensky numa conferência de imprensa em Kiev.
Nesse sentido, apelou a Moscovo para que tenha um gesto que prove a honestidade das afirmações oficiais, segundo a agência de notícias France-Presse.
As autoridades de Kiev e o Ocidente acusaram a Rússia de ter concentrado cerca de 100.000 soldados na sua fronteira com a Ucrânia com a intenção de invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.
A Rússia negou essa intenção, mas disse sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao Leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia.
Zelensky disse estar preparado para se encontrar com o Presidente russo, Vladimir Putin, bilateralmente ou num quadro multilateral.
"Desejo ter uma tal reunião. Não tenho medo de qualquer formato, bilateral ou o que quer que seja. Isso não importa. Estou pronto", disse, citado pela agência russa TASS.
Trata-se de uma resposta a uma declaração do chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, de que o Presidente da Ucrânia é bem-vindo na Rússia para discutir a normalização das relações bilaterais.
"O Presidente da Rússia disse: se Zelensky quiser discutir a normalização das relações bilaterais que são prejudicadas pelas ações unilaterais do seu regime -- e nós, claro, reagimos a essas ações -- estamos prontos para isso, sem problemas", afirmou hoje Lavrov numa entrevista a rádios citada pela TASS.
"Mas se ele [Zelensky] quiser discutir Donbass, deve recorrer ao Grupo de Contacto, que, por decisão do Formato Normandia, deve considerar todas as questões de resolução diretamente entre Kiev e Donetsk, Kiev e Lugansk", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
A Ucrânia está envolvida numa guerra com separatistas pró-russos na região industrial do Donbass, no Leste do país, desde 2014, que diz ser fomentada e apoiada militarmente por Moscovo.
A guerra no Donbass já provocou cerca de 14.000 mortos e 1,5 milhões de desalojados, segundo a ONU.
As autoridades de Moscovo recusam-se a falar com o Governo de Kiev sobre o conflito, alegando que a Rússia não está envolvida, e defendem que os ucranianos devem antes discutir a questão com os líderes separatistas de Donetsk e Lugansk.
Na sequência do conflito, Rússia, Ucrânia, Alemanha e França criaram uma plataforma de diálogo conhecida por Formato Normandia, mas os líderes dos quatro países não se reúnem desde 2019.
Conselheiros políticos dos quatros líderes reuniram-se na quarta-feira, em Paris, e marcaram um próximo encontro para fevereiro, em Berlim, mas não discutiram a realização de uma nova cimeira, que tem sido sugerida pelo Presidente da Ucrânia.
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