"A Ucrânia não é um aliado da NATO", disse Jens Stoltenberg à cadeia de televisão BBC, enfatizando que não se aplica a Kiev a "garantia de segurança de 100% de que um ataque a um aliado gerará uma resposta" de toda a Aliança.
"Não temos planos de enviar tropas de combate à Ucrânia", disse Stoltenberg e, quando questionado sobre se contempla algum cenário em que soldados da NATO possam ser vistos combatendo contra forças russas na Ucrânia, respondeu "não".
"Estamos a concentrar-nos em oferecer apoio à Ucrânia, ajudando-a a exercer o seu direito de autodefesa. Ao mesmo tempo, estamos a enviar a mensagem à Rússia de que imporemos sanções severas se, mais uma vez, usarem a força contra a Ucrânia", adiantou Stoltenberg, que defende uma solução diplomática para as tensões e instou o Kremlin a diminuir o conflito.
O secretário-geral da NATO afirmou não haver "certeza sobre as intenções" do Presidente russo, Vladimir Putin, mas alertou para o envio de dezenas de milhares de soldados para a fronteira ucraniana, considerando tratar-se de "retórica muito agressiva" de Moscovo, bem como a precedentes do "uso da força" contra a Ucrânia.
O Reino Unido anunciou há um dia a intenção de propor à NATO o envio de tropas, navios de guerra e aviões de combate na Europa, para responder ao aumento da "hostilidade russa" relativamente à Ucrânia, segundo anúncio do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, citado pela Agência France-Presse.
"Este conjunto de medidas enviaria uma mensagem clara ao Kremlin -- não toleraremos a sua atividade de desestabilização e estaremos sempre ao lado dos aliados da NATO face à hostilidade russa", lê-se num comunicado divulgado no sábado.
Boris Johnson, no mesmo comunicado, informa ter dado ordem às forças armadas "para se prepararem para enviar tropas para a Europa na próxima semana, para poder dar apoio terrestre, aéreo e naval aos aliados da NATO".
O secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, em declarações hoje, afirmou que a Rússia não quer uma guerra com a Ucrânia e sublinhou que Moscovo não está a ameaçar o país vizinho.
"Não queremos guerra, não precisamos disso", disse Patrushev, de depositar uma coroa de flores no Cemitério Memorial Piskaryovskoye - para as vítimas do cerco a Leningrado durante a II Guerra Mundial -, em São Petersburgo.
No dia 25 de janeiro, os distritos militares do oeste e do sul da Rússia anunciaram o início de exercícios para verificar a prontidão de combate das suas tropas.
As autoridades de Kiev e o Ocidente acusaram a Rússia de ter concentrado cerca de 100.000 soldados na sua fronteira com a Ucrânia com a intenção de invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, mas a Rússia negou essa intenção e reconheceu sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia.
A Ucrânia está envolvida numa guerra com separatistas pró-russos na região industrial do Donbass, no leste do país, desde 2014, que diz ser fomentada e apoiada militarmente por Moscovo e que provocou cerca de 14 mil mortos, segundo a ONU.
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