"A posição independente da Hungria na prossecução dos seus próprios interesses e na escolha dos seus parceiros impõe-nos respeito", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência) Dmitry Peskov no seu 'briefing' diário à imprensa, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Peskov disse também que, "apesar de todas as tendências negativas ligadas" à pandemia de cond-19, a Rússia e a Hungria estão a avançar com o desenvolvimento da sua cooperação económica e política bilateral.
"Esperamos que a visita de Orbán tenha lugar amanhã [terça-feira]. É uma visita muito importante. Temos relações muito bem desenvolvidas com a Hungria", disse o porta-voz do Presidente russo, Vladimir Putin.
Peskov disse que as duas partes pretendem discutir tanto projetos económicos como questões internacionais, incluindo "os problemas mais prementes da agenda", numa alusão à Ucrânia.
O ultranacionalista Orbán, que foi convidado pela oposição a cancelar a sua visita a Moscovo, prometeu consultar os seus aliados da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) antes de se deslocar à Rússia.
A delegação do Parlamento Europeu à Ucrânia também exortou Orbán a não quebrar a unidade europeia no encontro com Putin, com quem o líder húngaro tem uma relação estreita há anos.
Ao contrário de outros países da região do Leste, como a Polónia, Roménia e Bulgária, a Hungria não manifestou claramente o apoio ao Governo de Kiev no seu conflito fronteiriço com Moscovo.
Recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, disse que a Hungria não apoiará as autoridades de Kiev enquanto continuarem a discriminar a minoria magiar na Ucrânia, calculada em 150.000 pessoas.
Segundo relatos da imprensa citados pela EFE, Orbán quer reforçar a cooperação económica com a Rússia antes das eleições cruciais de abril na Hungria, nas quais a oposição tem uma hipótese de o expulsar do poder.
A Hungria quer aumentar as importações de gás russo, produzir a vacina antivírus russa Sputnik no seu território e acelerar a construção da central nuclear de Paks, que tem sido afetada por atrasos.
A Rússia tem sido acusada, desde finais de 2021, de reunir dezenas de milhares de soldados na fronteira ucraniana em preparação de um ataque.
O Kremlin nega tais planos, ao mesmo tempo que exige garantias escritas para a sua segurança, incluindo a rejeição da adesão da Ucrânia à NATO e o fim da presença militar da Aliança Atlântica no Leste.
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