Faizi "foi nomeada, com base no mérito e na necessidade, para diretora do hospital Malalai", disse hoje o porta-voz do Ministério da Saúde do governo talibã, Javid Hazheer, em declarações à Efe.
A nomeação marca uma aparente mudança nas políticas dos fundamentalistas sobre as mulheres desde que chegaram ao poder, em 15 de agosto, já que anteriormente as tinham excluído do governo, restringido a sua livre circulação e a possibilidade de frequentarem a escola secundária e vários postos de trabalho.
A nomeação de Faizi teria sido impensável sob o anterior regime talibã, entre 1996 e 2001, recordado pela aplicação implacável da lei islâmica, quando os castigos eram a norma e as mulheres estavam confinadas ao lar.
"Pode-se dizer que esta é uma boa jogada do governo talibã e que as mulheres não são apenas necessárias no setor da saúde, mas também provaram a sua capacidade noutros setores, uma vez que demonstraram ser iguais aos homens no serviço ao país", afirmou a ativista Deeba Farhamand.
Ainda assim, prosseguiu, devem ser tidos em conta os direitos laborais e educacionais de milhões de mulheres e raparigas afegãs que os talibãs ignoram.
Ainda hoje, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou que as seis pessoas que participaram numa manifestação pacífica no Afeganistão a favor dos direitos das mulheres continuam desaparecidas, duas semanas após o seu rapto.
Segundo a ONU, a forma como foram sequestradas indica que os atos fazem parte de uma campanha de detenções arbitrárias.
Entre os seis desaparecidos estão Parwana Ibrahim Khil, que foi raptada com o seu cunhado quando ambos viajavam de carro em Cabul, assim como Tamana Paryani, detida com as suas três irmãs durante uma rusga à sua casa.
Desde então, o seu paradeiro é desconhecido.
Ambas as mulheres tinham participado numa manifestação em 16 de janeiro, segundo a porta-voz do gabinete da ONU, Ravina Shamdasani.
Estes acontecimentos mostraram que as represálias contra os "dissidentes" estão a intensificar-se no Afeganistão, indicou Shamdasani, acrescentando que a segurança das seis pessoas desaparecidas é uma grande preocupação para a agência.
Ativistas de direitos humanos, jornalistas e funcionários do governo deposto em agosto de 2021 são também vítimas da perseguição e do medo que reina no país.
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