Rússia quer conhecer posições individuais dos países da NATO e da OSCE

A Rússia pediu aos países da NATO e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que se pronunciem individualmente sobre a crise na Ucrânia, anunciou hoje o embaixador russo em Madrid.

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Lusa
03/02/2022 16:51 ‧ 03/02/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

Yuri Korchagin disse em Madrid, segundo a imprensa espanhola, que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, enviou cartas aos Estados-membros da NATO e da OSCE a pedir que divulguem o que pensam sobre a crise, independentemente da posição das duas organizações.

Korchagin afirmou que embora países como a Espanha façam parte destas organizações, também têm obrigações a cumprir nas suas relações bilaterais com a Rússia.

"Tudo o que foi assinado deve ser respeitado", disse o embaixador da Rússia em Madrid, numa conferência de imprensa, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Por esta razão, a Rússia espera uma resposta de cada um deles sem demora, disse.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) tem 30 membros e a OSCE 57.

Portugal e Espanha integram as duas organizações, bem como a maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE).

Korchagin assegurou que a Rússia não tem tropas na fronteira ucraniana, nem pretende invadir a Ucrânia, como afirmam as autoridades ucranianas e os seus aliados ocidentais.

Disse que os cerca de 100.000 militares que a NATO afirma que o exército russo mobilizou estão a "centenas de quilómetros" da Ucrânia e nos seus locais habituais de operação.

A presença de tropas russas na Bielorrússia, que a NATO também denunciou, faz parte dos acordos de segurança entre os dois países, foi planeada há algum tempo e o Ocidente estava ciente disso, disse Korchagin.

O diplomata questionou, pelo contrário, o que fazem os navios de guerra de outros países, como a Espanha, no Mar Negro, ou seja, longe dos seus territórios.

A Rússia quer igualmente que os países europeus exijam a Kiev o cumprimento dos acordos de Minsk de 2015, segundo o embaixador russo.

Estes acordos incluem uma série de compromissos no rescaldo do conflito na área do Donbass, no leste da Ucrânia, e da anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia em 2014.

A Rússia "sente-se ameaçada" por ações como o envio de armas dos Estados Unidos da América (EUA) para a Ucrânia, disse o diplomata.

Neste contexto, qualificou como um embuste a ideia de que a Rússia vai atacar a Ucrânia, referindo que essa ideia foi exacerbada para criar uma sensação de pânico sobre uma guerra iminente.

Korchagin disse ainda que não foi o Governo russo que divulgou documentos publicados pelo jornal espanhol El País na quarta-feira, segundo os quais os EUA e a NATO fizeram propostas a Moscovo para desanuviar a crise, mas sem renunciaram à possível entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica.

Ao mesmo tempo, descreveu as sanções com que os EUA e a UE estão a ameaçar a Rússia como um "método ilegítimo", defendendo que deveriam ser discutidas nas Nações Unidas, em vez de serem medidas "unilaterais e repressivas".

O contexto da crise é um "interesse económico, comercial" dos EUA em vender gás liquefeito à Europa, em vez do seu fornecimento pela Rússia, acrescentou o diplomata russo.

Leia Também: Kiev espera que tropas russas abandonem a Bielorrússia após exercícios

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