O diretor regional para a África do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mohamed Malick Fall, qualificou a situação como "desesperante" e alertou que mais de 20 milhões de pessoas dos quatro países que compõem a região do Corno de África - Eritreia, Etiópia, Quénia e Somália - vai precisar de água e comida nos próximos seis meses.
"As crianças são as que pagam o preço mais alto, e só na Somália 1,3 milhões de crianças menores de cinco anos correm o risco de desnutrição, a situação é terrível para 295.000 delas e os números devem piorar", acrescentou.
Uma das principais causas atribuídas a essa crise é o impacto das mudanças climáticas numa região frequentemente afetada por secas há mais de 40 anos.
O porta-voz do Programa Alimentar Mundial (PAM), Thomson Phiri, que visitou recentemente a região, disse hoje que as pessoas "estão a morrer de fome".
"Três estações secas consecutivas afetaram o abastecimento de água e os campos no Corno de África, onde a agricultura e a pecuária estão virtualmente destruídas e as pessoas perderam os seus meios de subsistência", disse Phiri.
O representante do PAM sublinhou em conferência de imprensa que a escassez de recursos provocou o aumento dos preços de produtos básicos como a água ou os cereais, o que reduziu ainda mais o poder de compra da população.
Por essa razão, as Nações Unidas pedem à comunidade internacional 450 milhões de dólares (395 milhões de euros) - 327 milhões do PAM e 123 milhões da Unicef - para responder com urgência às necessidades de mais de quatro milhões de pessoas e prevenir o desastre para as crianças e suas famílias.
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