Iémen. Número de vítimas civis quase duplicou desde expulsão da ONU

O número de civis mortos ou feridos na guerra no Iémen "quase duplicou" desde a expulsão, em outubro, de especialistas da ONU que investigavam violações de direitos humanos, indicou hoje o Conselho Norueguês para Refugiados (NRC).

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Lusa
10/02/2022 12:57 ‧ 10/02/2022 por Lusa

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Iémen

O Conselho de Direitos Humanos da ONU viu recusada, a 07 de outubro de 2021, a prorrogação do mandato desses especialistas, posição que as organizações humanitárias atribuem à pressão feita pela Arábia Saudita, que intervém no Iémen desde 2015.

"O número de civis mortos ou feridos no Iémen quase duplicou desde o fim, em outubro passado, das investigações sobre direitos humanos que a ONU realizava", afirma o NRC em comunicado.

Nos últimos quatro meses do mandato dos especialistas da ONU, 823 civis foram feridos ou mortos, enquanto nos quatro meses seguintes esse número subiu para 1.535, segundo o NRC, que cita dados do 'Civilian Impact Monitoring Project', uma organização ligada às Nações Unidas.

"Durante o mesmo período, houve 39 vezes mais vítimas civis causadas por ataques aéreos", acrescentou a organização não-governamental.

O conflito no Iémen registou, nos últimos meses, um aumento da violência, com a coligação militar liderada pela Arábia Saudita a intensificar os ataques aéreos de apoio às forças do Governo contra os rebeldes Huthis, que são apoiados pelo Irão.

Por seu lado, os Huthis também intensificaram os ataques em território iemenita e contra a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, um pilar da coligação militar liderada por Riade.

Criado em 2017, o grupo de especialistas da ONU acusou todos os beligerantes de terem cometido uma "série de crimes de guerra".

"A retirada desse órgão vital de investigação sobre os direitos humanos fez regressar as violações horríveis e fora de controlo", lamentou a diretora do NRC no Iémen, Erin Hutchinson.

Em entrevista telefónica realizada na noite de terça-feira, o Presidente norte-americano, Joe Biden, sublinhou ao Rei Salman da Arábia Saudita o "compromisso" dos Estados Unidos em apoiar o reino contra os ataques rebeldes, informou a Casa Branca.

Segundo a ONU, em sete anos de conflito, pelo menos 377 mil pessoas foram mortas, a grande maioria das quais devido a consequências indiretas dos combates, como fome e doenças, naquele que é considerado um dos piores desastres humanitários do mundo.

Leia Também: ONU discute com coligação árabe massacre em prisão no Iémen

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