Obasanjo, que participava numa reunião com o Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA), "descreveu as dificuldades de acesso aos serviços essenciais, o que agravou a terrível situação humanitária no Tigray", e exortou ao levantamento do bloqueio como uma medida de confiança" para facilitar as conversações de paz, disse um alto funcionário da organização africana à agência de notícias Efe.
Obasanjo, que visitou todas as regiões afetadas pelo conflito esta semana, "parece chocado com o cenário que observou, particularmente no Tigray", acrescentou o funcionário da UA.
Para tentar preparar o caminho para um cessar-fogo negociado, Obasanjo, antigo presidente da Nigéria, reuniu-se nos últimos meses tanto com os líderes da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) como com o executivo federal etíope, os dois lados que têm vindo a travar uma guerra desde novembro de 2020.
Na sexta-feira, Obasanjo reuniu-se também com diplomatas da União Europeia (UE) e das Nações Unidas para discutir alguns desenvolvimentos positivos que poderiam facilitar futuras conversações de paz, tais como a libertação de prisioneiros políticos pelo governo central e a decisão dos rebeldes de abandonar as suas posições noutras regiões e regressar ao Tigray.
"Ainda estamos longe de uma solução pacífica, o que está a acontecer agora são passos muito pequenos para manter a situação num impasse e depois chegar a uma cessação das hostilidades", disse hoje em Nairobi a representante especial da UE para o Corno de África, a alemã Annette Weber, que fala mensalmente com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e tem reuniões frequentes com Obansajo.
Segundo o último relatório do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), publicado na quinta-feira, o bloqueio contra o Tigray continua em vigor e "as operações humanitárias (...) estão a ser severamente restringidas ou suspensas devido à falta de combustível, dinheiro e fornecimentos".
A guerra eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro Abiy ordenou uma ofensiva contra o TPLF no poder em retaliação a um ataque a uma base militar federal no Tigray e na sequência de uma escalada de tensões políticas.
Segundo a ONU, cerca de 5,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária em Tigray, Amhara e Afar.
Milhares de pessoas morreram e cerca de dois milhões foram forçados a fugir das suas casas devido à violência.
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