"A presidente Von der Leyen, abordando as preocupações sobre a escassez de gás natural na Europa, expressou o seu apreço pelo desvio de carregamentos de GNL para a Europa decidido pelo Governo do Japão", informou o executivo comunitário em comunicado divulgado após uma chamada telefónica realizada hoje de manhã entre os dois responsáveis.
Segundo Bruxelas, Tóquio "decidiu partilhar o excedente de GNL com a Europa para mostrar solidariedade com aliados e parceiros que partilham os mesmos valores", em altura de intensas tensões geopolíticas na Ucrânia devido às manobras russas e também de uma acentuada crise energética.
"Os dois líderes confirmaram que continuariam a cooperar para garantir a segurança energética", nomeadamente da União Europeia (UE), refere a nota.
Relativamente às manobras russas na fronteira ucraniana, Ursula Von der Leyen e Kishida Fumio "partilharam o ponto de vista de prestar muita atenção à situação na Ucrânia, confirmando ao mesmo tempo um apoio consistente à soberania e integridade territorial da Ucrânia".
Além disso, "continuarão a trabalhar em estreita coordenação para promover a redução das tensões", dá ainda conta o comunicado do executivo comunitário.
Com o objetivo de reduzir a dependência energética da Rússia, principal fornecedor europeu, a UE disse estar a procurar alternativas para a compra de gás.
A UE está, por isso, a trabalhar com os Estados Unidos para uma parceria estratégica energética, de forma a diversificar as fontes de energia (como o gás natural liquefeito).
Bruxelas está ainda em conversações com outros países produtores de gás, como a Noruega, Qatar, Azerbaijão e Egito.
A Rússia (com 41,1%) era em 2019 o principal fornecedor de gás à UE, seguida da Noruega (16,2%), da Argélia (7,6%) e do Qatar (5,2%), segundo os mais recentes dados oficiais, sendo também o principal exportador de combustível sólido para o bloco (46,7%).
A Ucrânia e os países ocidentais acusaram a Rússia de ter enviado pelo menos 100 mil militares para junto da fronteira ucraniana, nos últimos meses, com a intenção de invadir de novo o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014.
A Rússia nega ter intenções bélicas, mas exige garantias para a sua segurança, incluindo uma promessa de que a Ucrânia nunca será membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
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