Nas últimas três semanas, Otava tem sido palco de um protesto contra as restrições decididas para combater a pandemia do novo coronavirus.
Carrinhas com polícias chegaram às proximidades do parlamento e foram colocadas várias barreiras em torno de edifícios governamentais.
A polícia também começou a selar muita da zona do centro da cidade a estranhos, para evitar que venham ajudar os contestatários.
"A ação é iminente", disse o chefe interino da polícia de Otava, Steve Bell. "Estamos absolutamente determinados em acabar com esta manifestação ilegal".
A polícia continua a negociar com os manifestantes, procurando-os convencer a regressar a casa, disse Bell.
Acrescentou: "Queremos que a manifestação acabe pacificamente", mas salientou: "Se não quiserem sair pacificamente, temos planos".
Muitos dos camionistas do designado Coluna da Liberdade parecem irredutíveis depois de dias de avisos da polícia e do governo, segundo os quais arriscam ser presos, as suas viaturas serem apreendidas e as contas bancárias congeladas.
No meio do aumento da tensão, os camionistas fora do parlamento tocaram as buzinas em desafio da ordem do tribunal que os proibiu de tal fazer, emitida em nome da defesa dos direitos dos residentes na vizinhança.
Otava é a última aposta do movimento ao fim de semanas de manifestações e bloqueios, que chegaram a fechar a fronteira com os EUA, provocando perdas económicas em ambos os países e criando uma crise política para o chefe do governo canadiano, Pierre Trudeau.
Os protestos abalaram a reputação do Canadá enquanto país de civismo e cumprimento de regras e inspirou movimentos similares em França, Nova Zelândia e Países Baixos.
"Já é tempo de estas atividades ilegais e perigosas acabarem", declarou Trudeau no parlamento, nas proximidades do local onde estão mais de 30 camionistas parqueados.
"Ameaçam a nossa economia e a nossa relação com os nossos parceiros comerciais", disse. São uma ameaça à segurança pública".
A polícia de Otava começou a fechar uma larga parte do cento da capital, autorizando apenas a passagem dos que lá vivem ou trabalham em mais de 100 pontos de controlo.
No início desta semana, Trudeau invocou a Lei das Situações de Emergência, que autoriza as autoridades a declarar os bloqueios ilegais, rebocar camiões, deter os motoristas, suspender as suas licenças e tomar outras medidas.
Na quinta-feira, Trudeau e alguns dos seus principais ministros avisaram os contestatários para acabarem com os protestos.
A vice-primeira-ministra Chrystia Freeland disse que o governo começou a congelar as contas dos camionistas, como tinha ameaçado.
A polícia de Otava, por seu lado, distribuiu panfletos pelo segundo dia consecutivo exigindo aos camionistas que levantassem a concentração.
A concentração dos camionistas enfureceu muitos residentes na capital.
"Vimos pessoas intimidadas, ameaçadas e assediadas. Vimos edifícios de apartamentos fechados com correntes. Vimos fogos nos corredores. Os residentes estão aterrorizados", disse o ministro da Segurança Pública, Marco Mendicino.
Os protestos dos manifestantes em camiões, tratores e caravanas focaram-se inicialmente nas exigências de vacinas para os camionistas que pretendessem entrar no Canadá, mas rapidamente evoluíram para contestação generalizada às medidas contra a pandemia e ao governo de Trudeau.
O movimento suscitou o apoio da extrema-direita e ex-combatentes, alguns deles armados.
Personalidades da cadeia televisiva Fox News e conservadores dos EUA, como Donald Trump, apoiaram os protestos.
Trudeau queixou-se na quinta-feira de que "cerca de metade do financiamento dos contestatários veio dos EUA".
Alguns peritos em segurança entendem que a dispersão do protesto em Otava pode ser complicada e perigosa, com potencial para violência, e que uma resposta governamental de mão pesada pode ser usada como propaganda por extremistas.
Os camiões estão estacionados lado a lado, alguns dos quais sem pneus para dificultar o reboque.
"Não há um manual", disse David Carter, docente na Escola de Justiça Criminal da Universidade estadual do Michigan e antigo polícia. "Sei que há dirigentes da polícia nos EUA que estão a ver isto e a conceber estratégias e parcerias para gerir um protesto deste tipo se ocorrer nas suas cidades".
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