"A maior mudança no panorama foi a chegada das tropas do Ruanda, uma vez que as forças militares moçambicanas não estavam a conter a insurgência no norte, o que afetava o investimento da TotalEnergies, que foi suspenso por alguns meses", disse Ravi Bathia, comentando a visão da S&P sobre a evolução da economia moçambicana.
"As tropas ruandesas apoiam as forças da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC na sigla inglesa) na estabilização da região, e isso ajudou muito", vincou o analista em entrevista à Lusa.
"A nossa expectativa é que isto ajude a estabilizar a região e a TotalEnergies vai retomar as operações depois de a insurgência estar controlada, sendo que a questão que muitos colocam é saber o que o Ruanda quer em troca pela ajuda e quanto tempo vão as forças militares permanecer na região, mas no geral a tendência é positiva e os projeto de gás natural liquefeito deverão voltar a funcionar", explicou.
"O mais positivo para o rating de CCC+ é a estabilização do norte do país pelas forças estrangeiras. Moçambique não conseguiu resolver o problema sozinho e pediram ajuda, isso dá estabilidade, mas as clivagens entre o norte e o sul do país ainda estão lá, até pela própria distância física entre Maputo e estas províncias nortenhas", concluiu o analista.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes.
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