"Partimos do princípio de que o Presidente Putin não o fará, mas, se o fizer, colocarei o pacote de sanções na mesa dos ministros" europeus, advertiu Josep Borrell, no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE em Bruxelas.
"Se houver anexação, haverá sanções, e se houver reconhecimento [da independência], porei as sanções em cima da mesa dos ministros europeus", precisou o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança.
O Kremlin indicou hoje à tarde que Putin vai reconhecer a independência dos territórios separatistas pró-russos do leste da Ucrânia.
As sanções europeias devem ser aprovadas por unanimidade, e "a unanimidade no caso da Ucrânia está garantida", afirmou.
A decisão sobre as sanções deve ser tomada pelos líderes da UE reunidos em cimeira, e uma reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE será convocada para aprová-las. A cimeira europeia pode realizar-se por videoconferência, precisou fonte europeia.
A Comissão Europeia preparou opções de sanções económicas e financeiras e os serviços de Josep Borrell prepararam sanções direcionadas permitindo atingir oligarcas próximos de Vladimir Putin.
"Se Vladimir Putin desencadear uma guerra, responderemos com o instrumento mais forte de que dispomos: sanções económicas e financeiras, porque a economia é o ponto fraco da Rússia", declarou no domingo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa entrevista concedida à estação televisiva alemã ARD.
"As sanções financeiras significariam que a Rússia seria praticamente excluída dos mercados financeiros internacionais", precisou.
"As sanções económicas atingirão todos os bens de que a Rússia precisa com toda a urgência para modernizar e diversificar a sua economia, mas que são produzidos por nós, em que nós temos domínio global e que a Rússia não pode substituir", acrescentou a responsável do executivo comunitário.
"Temos um pacote: há diferentes medidas e o grau da sua aplicação depende do nível de agressão", explicou hoje Borrell.
"Se for realizado um ataque [por tropas russas] a partir do território da Bielorrússia, com o acordo, o envolvimento ou a participação da Bielorrússia, adotaremos também sanções" contra Minsk, acrescentou.
Putin indicou hoje que decidiu reconhecer a independência das regiões separatistas pró-russas do leste da Ucrânia, como lhe pediu a Duma (câmara baixa do parlamento russo).
Entretanto, a ONU instou "todas as pessoas envolvidas a evitarem qualquer decisão ou ação unilateral que possa atentar contra a integridade territorial da Ucrânia", declarou hoje o seu porta-voz, inquirido sobre um eventual reconhecimento por Moscovo da independência das regiões separatistas ucranianas de Donetsk e Lugansk.
"Sublinhamos o nosso apelo para o fim imediato das hostilidades, para a máxima contenção por todas as partes, a fim de evitar qualquer ação e declaração que agrave ainda mais as tensões", disse também Stéphane Dujarric, defendendo que todos os diferendos devem "ser abordados através da diplomacia".
"O secretário-geral [António Guterres] está muito preocupado com as últimas informações que dão conta de um aumento das violações ao cessar-fogo, em particular a utilização de armamento pesado ao longo da linha de contacto no leste da Ucrânia", bem como com as informações sobre "vítimas civis", declarou o porta-voz.
Stéphane Dujarric indicou igualmente que a ONU "autorizou a relocalização temporária de alguns elementos não-essenciais e de alguns membros da família" do pessoal da organização deslocado na Ucrânia.
Precisou que a ONU tem atualmente 1.510 funcionários na Ucrânia, 149 dos quais de nacionalidade estrangeira e 1.361 de nacionalidade ucraniana.
[Notícia atualizada às 19h35]
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