Na carta, endereçada ao Senado do país sul-americano e que foi lida num debate sobre educação, Malala pediu aos parlamentares brasileiros para darem prioridade ao "financiamento continuado da educação pública no Brasil" e à "busca ativa por crianças que estão fora da escola".
A ativista paquistanesa elogiou o compromisso das autoridades brasileiras com o acesso à educação, mas alertou que a pandemia "reverteu muitos ganhos" e citou relatos de que cerca de 10% dos estudantes entre 10 e 15 anos não voltarão às aulas presenciais, retomadas gradativamente desde o início deste ano.
Segundo Malala, as estudantes no Brasil sofrem com o "aumento das taxas de pobreza, responsabilidades domésticas, trabalho infantil e gravidez na adolescência, que afetaram desproporcionalmente a capacidade de aprendizagem das meninas durante a pandemia" e agora "impedem seu retorno às escolas".
"A educação das meninas é a solução para alguns dos problemas mais prementes do nosso mundo" e o caminho para "sociedades mais saudáveis, prósperas e pacíficas" está em "fornecer às meninas 12 anos de graça, seguros e de qualidade", advogou.
Malala recebeu o Nobel da Paz em 2014, quando tinha 17 anos, depois de sobreviver a um ataque de um grupo extremista que a perseguiu pelas denúncias sobre as atrocidades do regime que impôs a lei islâmica em algumas regiões do sul do Paquistão.
Especialistas em educação, tanto da esfera oficial quanto privada, convocados pelo Senado para analisar o impacto da pandemia de covid-19 no Brasil, participaram na audiência em que a carta foi lida.
O Brasil é um dos países mais afetados do mundo pela crise sanitária causada pelo novo coronavírus e, segundo os últimos dados oficiais, acumula até agora cerca de 645 mil mortes e mais de 28 milhões de casos.
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