"Isto não é exagero. Isto não histeria. Isto não é provocação. Apesar do que a Rússia tenta reivindicar, a dura e fria verdade é que a Rússia está agora a tentar criar um pretexto para uma ação militar", disse o norte-americano Michael Carpenter, perante o Conselho Permanente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
O embaixador dos Estados Unidos na OSCE criticou a "falsa retirada" das forças militares da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, bem como a presença de soldados russos na Bielorrússia -- perto da fronteira com a Ucrânia -- além das movimentações planeadas.
"Os Estados Unidos, mais uma vez, pedem à Rússia que pare com as suas provocações perigosas, procurando um pretexto para invadir ainda mais a Ucrânia. Vamos voltar à mesa das negociações antes que mais vidas sejam perdidas", acrescentou o diplomata, numa reunião extraordinária convocada pela Ucrânia.
Michael Carpenter lembrou que há "vidas inocentes em jogo" e que os esforços devem ser redobrados para a "guerra agressiva comece".
O diplomata também criticou a Rússia por alegar que não faz parte do conflito no leste da Ucrânia, apesar das evidências da presença de militares e armamento russo naquele local.
"Rússia tenta propagar a narrativa falsa de que é um simples 'intermediário', como se os lança-mísseis, sistemas de guerra eletrónica e tanques nas partes controladas pelos russos de Donetsk e Lugansk fossem produzidos localmente, comandados e controlados por habitantes locais", indicou.
Michael Carpenter assegurou que, no caso de a Rússia reconhecer as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e Donetsk, isso significaria o fim dos acordos de Minsk e a violação da "soberania e da integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas".
Se isso acontecesse, seria uma "perturbação da ordem internacional baseada em regras, sob a ameaça da força", o que mereceria a condenação da comunidade internacional.
O Kremlin anunciou hoje que o Presidente russo, Vladimir Putin, vai reconhecer, em breve, a independência dos territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.
"Um decreto nesse sentido será assinado em breve", disse a Presidência russa, de acordo com uma fonte do Kremlin, que acrescentou que Putin informou o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, mediadores do conflito no leste da Ucrânia, desta decisão, tendo estes reagido expressando a sua "deceção".
Vladimir Putin já tinha anunciado, horas antes, que iria decidir hoje sobre o reconhecimento da independência das regiões separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia, apesar das ameaças de retaliação por parte dos países ocidentais, se o Presidente russo tomasse essa decisão.
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