O canal nove ('Nine') da Austrália apresentou um pedido de desculpas depois de ter sugerido que a Rainha de Inglaterra podia estar a usar um medicamento polémico para tratar a Covid-19.
O programa em questão chama-se 'A Current Affair' e na segunda-feira apresentou a notícia de que Isabel II tinha contraído Covid-19. De seguida, foi introduzido um segmento conduzido pelo médico de clínica geral Mukesh Haikerwal, que falou sobre tratamentos médicos para pessoas da idade da monarca.
Enquanto o profissional de saúde falava, foram mostradas imagens do fármaco ivermectina, um medicamento cuja utilização neste e em outros casos é proibida em vários países. Por alguns segundos, os espetadores viram uma embalagem de medicamento onde dizia "stromectol, containing 3mg ivermectin” ("stromectol, contém 3 miligramas de ivermectina").
Veja aqui o momento em que são feitas estas declarações:
Em declarações ao The Guardian Austrália, o médico disse que "a ivermectina nunca foi parte da conversa”. Acrescentou que, apesar de ter referido que “existem medicamentos disponíveis para pessoas vulneráveis", não fez qualquer menção a este medicamento.
Um representante do canal disse que a imagem do medicamento "não deveria ter sido incluída” e foi “resultado de erro humano”. Acrescentou ainda que pediram desculpas ao médico por terem colocado a imagem e que pretendiam sugerir "que a rainha esteja a usar ivermectina".
A ivermectina é aprovada para o tratamento de parasitas e piolhos em humanos, e também para desparasitação de gado.
Alguns médicos sugeriram este produto como um potencial tratamento para o coronavírus. No entanto, a ivermectina não é recomendada pelas autoridades de saúde pública, como a Food and Drug Administration, dos EUA, ou a Therapeutic Goods Administration, da Austrália. Estas entidades alertam, inclusivamente, que, em grandes doses, este produto pode ter efeitos colaterais graves, incluindo diarreia e vómitos, além de não curar efetivamente a Covid-19.
Apesar do pedido de desculpas do canal e dos vários movimentos para eliminar este o vídeo online, a ideia de tomar o medicamento foi partilhada em vários grupos antivacinas nas redes sociais na Austrália e no mundo.
O canal entretanto disse que a parte inicial desta reportagem foi removida das suas redes sociais e serviços de streaming, sendo que vai ser corrigida e publicada de novo durante o dia de hoje.
Recorda-se que a Rainha de Inglaterra testou positivo à Covid-19 esta segunda-feira, aos 95 anos. Segundo o palácio de Buckingham está apenas com "sintomas ligeiros".
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