Antes da chegada do ciclone Emnati, mais de 30 mil pessoas foram transferidas para alojamento seguro, mas ainda assim o Gabinete Nacional de Gestão de Riscos e Catástrofes de Madagáscar estima que mais de 250 mil pessoas possam ter sido afetadas.
Não houve relatos imediatos de mortes ou ferimentos de Emnati, uma vez que as autoridades esperaram que o pior passasse, mas funcionários e testemunhas locais relataram danos extensos em casas e outros edifícios, em pelo menos uma cidade do sudeste.
Madagáscar, uma ilha ao largo da costa oriental de África, famosa pela sua vida selvagem e tesouros naturais intactos, foi atingida por quatro grandes tempestades tropicais no último mês, que causaram a morte a quase 200 pessoas e agravou a insegurança alimentar.
Uma seca no sul do país deixou cerca de 400 mil pessoas em risco de fome no ano passado, de acordo com o Programa Alimentar Mundial da ONU.
Os ciclones voltaram a sublinhar o impacto das alterações climáticas nos padrões climáticos e a colocar vidas em risco em locais vulneráveis, como Madagáscar.
A agência meteorológica das Nações Unidas advertiu anteriormente para mais "ciclones tropicais de alto impacto" que estão ligados às alterações climáticas que atingem a região.
Uma série de agências de ajuda humanitária disse que Emnati será um golpe duplo para as regiões orientais e sudeste que foram atingidas pelo ciclone Batsirai no início deste mês.
O Batsirai acabou por deixar mais de 120 pessoas mortas e deslocou 143 mil. Mais de 20 mil casas foram destruídas ou danificadas pelo Batsirai, afirmou o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU, adiantando que mais de 21 mil pessoas continuam deslocadas.
O Gabinete Humanitário da ONU disse, antes da chegada de Emnati, que estava numa "corrida contra o tempo" para proteger novamente as pessoas.
O Emnati manifestou-se às 00:00 locais (21:00 de terça-feira em Lisboa) no distrito de Manakara Atsimo, no sudeste do país, com ventos na ordem dos 135 quilómetros por hora e rajadas de 190 quilómetros por hora, segundo o Departamento de Meteorologia de Madagáscar.
Seis regiões do sudeste estão em alerta vermelho, a maioria delas já duramente atingidas pelo Batsirai.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas e outras organizações de ajuda alertaram para o risco de uma escassez alimentar crítica devido à destruição de culturas e rutura das ligações de transporte.
Os meteorologistas também previram mais oito a 12 ciclones na região de Madagáscar antes do fim da época dos ciclones, normalmente em maio.
Leia Também: Chegada iminente do ciclone Emnati a Madagáscar "preocupa" Nações Unidas