Ucrânia: Alemanha e França acusam Putin de "destruir" Acordos de Minsk

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha e França acusaram hoje a Rússia de ter "destruído" os Acordos de Minsk ao reconhecer como independentes os dois territórios separatistas no leste da Ucrânia, embora mantenham aberta a janela do diálogo.

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Lusa
23/02/2022 19:50 ‧ 23/02/2022 por Lusa

Mundo

Tensão Rússia/Ucrânia

"Os Acordos de Minsk foram destruídos unilateralmente", realçou a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, numa conferência de imprensa em Berlim junto do homólogo francês, Yves Le Drian.

Baerbock frisou que o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou estes acordos, mas que agora "aqueles papéis não têm valor".

A ministra alemã denunciou também que o chefe de Estado da Rússia não disse a verdade durante os contactos diplomáticos sobre a Ucrânia.

"Na Alemanha consideramos isso mentir", atirou.

Também o responsável pela diplomacia francesa referiu que Putin não cumpriu com as suas declarações "públicas e privadas", as últimas feitas em conversas com o Presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz.

Yves Le Drian assegurou, no entanto, que "a mão [da diplomacia] ainda está estendida" e que não há nada pior que um "confronto militar".

"Existe um fórum para conversas e ele deve continuar a existir para continuar a ser trabalhada para uma solução pacífica", sublinhou, referindo-se ao Formato Normandia, que junta Alemanha, Ucrânia, França e Rússia em torno da implementação dos Acordos de Minsk.

Os Acordos de Minsk foram assinados pela Ucrânia e pelos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, da região do Donbass, e visavam encontrar uma solução para a guerra entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscovo, que começou em 2014, pouco depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia.

Os responsáveis pela diplomacia alemã e francesa alertaram para a necessidade de se estar preparado para "o pior cenário", ameaçando com um pacote de sanções mais duro do que o anunciado ontem pela União Europeia (UE).

"Por uma Ucrânia livre e soberana, estamos dispostos a sofrer custos económicos", garantiu Baerbock, lembrando que a Alemanha interrompeu na terça-feira o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2 porque a paz na Europa "não tem preço".

Ambos os ministros dos Negócios Estrangeiros também se declararam favoráveis à manutenção da missão de observação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) na região do Donbass.

"São os olhos e os ouvidos da comunidade internacional no terreno" na supervisão do cumprimento do cessar-fogo ao longo da linha de contacto, apontou a governante alemã.

Vladimir Putin assinou, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia), e mobilizou o exército russo para "manutenção da paz" nestes territórios separatistas pró-russos.

A decisão de Putin foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

Leia Também: Ucrânia: Líder separatista de Donetsk admite pedir ajuda militar à Rússia

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