Timor-Leste. Independência só faz sentido se povo tiver "dignidade"

O Presidente timorense disse hoje que a independência de Timor-Leste só tem sentido se houver desenvolvimento que traga bem-estar e dignidade à população, considerando que esse processo exige paz, justiça e liberdade.

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Lusa
24/02/2022 09:53 ‧ 24/02/2022 por Lusa

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"A natureza dotou o nosso país de recursos suficientes para eliminarmos a pobreza e os males que atormentam os mais desfavorecidos da nossa nação. É do mais elementar dever dos dirigentes partidários, dos responsáveis e de todos nós cidadãos unirmos esforços, deixar de lado os nossos egos para encontrarmos soluções para os graves problemas que o nosso povo enfrenta", disse Francisco Guterres Lú-Olo.

"A independência só tem sentido se as aspirações mais básicas do nosso povo forem realizadas", considerou.

Num discurso em Hera, nos arredores de Díli, Francisco Guterres Lú-Olo disse ainda que a pandemia e as cheias de abril de 2021 "revelaram o espírito de solidariedade e de amor ao próximo".

Mas também a necessidade de atenção "a quem mais precisa", procurando parcerias "assentes no diálogo e no respeito mútuo" no país, acrescentou.

Francisco Guterres Lú-Olo falava na abertura de um seminário nacional sob o tema "Reflexão nacional e espírito de reconciliação para a construção e consolidação do Estado timorense", organizado pelo Fórum de Comunicação dos Valores da Nação.

Perante uma plateia predominantemente jovem, Lú-Olo disse que a garantia da construção de um futuro com segurança está assente em conhecer as raízes do passado do país e da situação presente que Timor-Leste vive.

Referindo-se à importância dos "valores" na caminhada que o país ainda tem que fazer, Lú-Olo, que se recandidata ao cargo nas eleições de 19 de março, disse ser normal haver na sociedade "ideias diferentes e até contrárias", mas também "práticas e caminhos para a reconciliação, para o limar da arestas e tornar possível a prossecução de objetivos partilhados".

O Presidente timorense defendeu ter usado o seu mandato para procurar "ultrapassar as crises pelo diálogo e reduzir as diferenças procurando sobretudo os pontos de convergência", mas sem pôr de lado ou desvalorizar as diferenças.

"Mais uma vez, peço para que demos relevo ao que nos une, porque é pelo que nos une que encontraremos a força para atingir os objetivos estratégicos que partilhamos. A cada passo que damos temos novos desafios que só podem ser ultrapassados com valores e princípios", disse.

Recordando a história de Timor-Leste, Lú-Olo disse que a unidade nacional foi "essencial no combate pela reafirmação da soberania" e defendeu um papel mais interventivo dos cidadãos, que não seja limitado "ao cidadão de cinco em cinco anos", em altura de eleições.

"Às eleições junta-se a cidadania ativa e responsável, com direitos e deveres. Democracia sólida não existe sem instituições fortes, sem comunicação social madura, sem o exercício pleno dos direitos fundamentais que a nossa Constituição consagra", afirmou.

"Sendo o nosso país uma República que consagra o multipartidarismo, aos partidos cabe o dever de contribuir para a consolidação da democracia e para isso é obrigatório que formem os seus militantes com base em valores patrióticos e que se lhes seja ensinado a respeitar em primeiro lugar o interesse nacional, sempre à frente dos interesses partidários, de grupo ou individuais", considerou.

A poucos meses da comemoração da constituição e da restauração da independência de Timor-Leste, Lú-Olo defendeu um balanço sobre o que tem sido feito desde aí.

"Apesar das limitações, dos erros e das falhas que certamente cometemos, estou convencido de que valeu a pena. Certamente o compromisso para com o futuro, para com as gerações mais novas tem de ser mais forte e tem que as envolver neste processo sem fim de afirmação de Timor-Leste como pátria livre, soberana e independente", considerou.

Leia Também: Timor-Leste é sétima democracia mais forte da Ásia e Australásia

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